Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

24/02/2009

Isto é que vai uma crise.

O milénio está a acontecer. A ordem que manteve algumas coisas no lugar (não necessariamente o certo) está posta em causa e o cenário a ser ajustado.
Para a economia, a macro, são tempos interessantissimos, com convulsões diárias e alterações de humor espantosas. Como se os mercados estivessem em plena menopausa.
Para as empresas, a micro, são tempos de angústia com muitas dúvidas e medos. Prespectivas de grandes falhanços e quebras de resultados. É duro, mas não se pode dizer que não foram avisados.

Alguns sinais exteriores de que a(s) empresa(s) não estava(m) no caminho certo:

- A responsabilidade social e ambiental de fachada. Acções motivadas pela vaidade e sem a menor preocupação com a sustentabilidade dos negócios.
- O Branding e o rebranding. Com despesas colossais que glorificam um boneco sem sentido económico em cortejos tontos que qualquer criança os apontaria nús.
- Os patrocínios. A imposição rude e bruta em camisolas e paineis, carraçando a atenção de terceiros sem atentar ao sentido dessa presença.

As indústrias que mais investiram nestes expedientes ao longo dos últimos anos. Os bancos e os automóveis. São precisamente aquelas que mais problemas estão a ter nesta crise. Talvez não seja coincidência.


Nota – Esta semana há oitavos de final da Uefa Champions League, vejam quantas empresas em problemas estão naquelas camisolas. Valeu a pena?

12/02/2009

A propósito do Proteccionismo

Os portugueses são um dos povos europeus que tem menos orgulho nos seus produtos. É uma constatação dura mas infelizmente verdadeira e amplas vezes demonstrada. Esta xenofilia do consumo é prejudicial para a economia nacional, por diversas razões e seus efeitos. Porque descapitaliza o País, enfraquece a produção, mina a exportação, perde o valor e toda uma panóplia de más notícias que não são coisa que a economia tenha em falta. Posto isto, a questão que fica por esclarecer, é o que fazer para contrastar com este estado das coisas.

Quando se trata de missões impossíveis, o marketing e a publicidade são frequentemente e inutilmente chamadas a fingir resolver. O que não faz sentido nenhum, como neste caso do consumo português de produtos portugueses também não. As campanhas de ?compre o que é nosso? não têm possibilidade de vingar por dois motivos:

Por um lado porque os portugueses não preferem os seus produtos desde que foram vítimas de 50 anos de campanhas de ?compre o que é nosso?
extremamente musculadas. Desde a segunda guerra mundial que o condicionamento industrial, o proteccionismo das fronteiras, a desvalorização do Escudo e o país na banca rota entregue ao FMI, forçaram os portugueses a comprar o que era deles. O resultado destas cinco décadas de privação foi uma profunda e fundada desconfiança sobre a qualidade dos produtos portugueses. Se dermos uma volta pelos países de leste vemos como o proteccionismo dos governos comunistas produziu efeitos semelhantes e não há campanha de publicidade que dê a volta ao problema da má qualidade.

O segundo motivo para a ineficácia das campanhas de auto-consumo, é que estas tendem a ser irrelevantes para os consumidores para se ocuparem apenas ao bem-estar dos promotores. E conseguem-no dizendo:
?compre porque é português? em vez de apontarem ?compre porque é melhor? ou então insistindo em ?compre para ajudar a economia da fábrica? em vez de dizerem ?compre para ajudar a economia do seu lar?.
Não é nada bonito pedir a um consumidor que abdique do seu conforto e gratificação para beneficiar uma cambada de empresários e industriais que ele não conhece. Assim, da mesma forma que as campanhas de ?compre o que é nosso? tendem a ignorar os legítimos anseios dos consumidores, também o consumidor português tende a ignorar aquilo que lhes pedem que façam nessas egoístas campanhas.

Um consumidor, independentemente da sua nacionalidade, não compra um sapato, uma cadeira ou um automóvel porque este foi feito a menos de 300 quilómetros de sua casa. Toda a gente, quando compra, compra apenas baseada no resultado de uma complexa equação do que lhe custa o mínimo para lhe render o máximo. Num total egoísmo individualista, semelhante ao que rege o funcionamento dos mercados. Todos os mercados, do Bolhão ao Nasdaq.

Em súmula, para que o consumidor português, compre português, essa compra tem antes de mais de ser imediatamente vantajosa para ele e independentemente do efeito que essa compra causar em terceiros. Ou não fossem as externalidades uma das medidas mais difíceis de quantificar do economês. Ainda por cima porque os portugueses têm amplas razões de queixa das campanhas anteriores, que lhes restringiram o acesso aos produtos internacionais, deixando como marca uma desconfiança profunda sobre os méritos dos produtores nacionais.

Pode uma campanha de publicidade aumentar o consumo de produtos domésticos? Bem, pontual e marginalmente, sim. Se for bem apontada, se indicar com precisão e do ponto de vista do consumidor, quais são os produtos que, por serem portugueses, são também melhores do que os produtos internacionais, talvez funcione. Não basta dizer ?compre o que é português?, nem tão pouco que ?sacrifique-se comprando aos portugueses? é preciso indicar quais os produtos que são melhores em Portugal. Para tal, convém que haja produtos melhores em Portugal.
Afinal, esta não é uma questão de percepção, pois nenhuma percepção justifica parar em Elvas quando o gasóleo é 20 cêntimos mais barato em Badajoz.


(opinião para o Jornal de Negócios)

a saber

11/02/2009

Hoje no Jornal de Negócios

Proteccionismo em debate
"Compro o que é nosso" na comida e quando não dói na carteira
Eugénia entra. Quase meio-dia. O "patrão" está à espera da sopa. Saco numa mão, batatasProteccionismo em debate na outra. Portuguesas. Só portuguesas. As espanholas parecem água. E os espinafres? Deslavados. A cebola? A portuguesa grela mais, é certo, mas a espanhola é rija que se farta. "O que é português é bom. Mais caro, mas de melhor qualidade", dita Eugénia. É assim há 20 anos na mercearia do senhor Santos, uma casa do Bairro Alto com cheiro a laranja.

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Lucia Crespo
lcrespo@negocios.pt


Eugénia entra. Quase meio-dia. O "patrão" está à espera da sopa. Saco numa mão, batatas na outra. Portuguesas. Só portuguesas. As espanholas parecem água. E os espinafres? Deslavados. A cebola? A portuguesa grela mais, é certo, mas a espanhola é rija que se farta. "O que é português é bom. Mais caro, mas de melhor qualidade", dita Eugénia. É assim há 20 anos na mercearia do senhor Santos, uma casa do Bairro Alto com cheiro a laranja.

A "orgulhosamente portuguesa" Eugénia parece ser uma excepção em Portugal, onde o médico de chapéu verde, Silva Guerra, considera a oferta lusa insuficiente e a alfarrabista do Chiado, Maria Vasconcelos, trocou o Bom Petisco por latas de atum a 80 cêntimos.

Nem médico nem alfarrabista ficaram sensibilizados com o argumento do ministro da Economia, que convidou os portugueses a canalizarem 10 euros mensais para produtos portugueses, em vez de estrangeiros. "Pois, mas provavelmente, eu não conseguiria gastar apenas 10 euros ou, então, levaria menos coisas para casa", atira Maria Vasconcelos.

Xenofilia do consumo

"Os portugueses são um dos povos europeus que tem menos orgulho nos seus produtos. Uma xenofilia do consumo", diz o consultor de marcas, Henrique Agostinho. Porquê? "Porque foram vítimas de 50 anos de campanhas de 'compre o que é nosso' extremamente musculadas. Desde a II Grande Guerra que o condicionamento industrial, o proteccionismo das fronteiras, a desvalorização do escudo e o País na banca rota, entregue ao FMI, forçaram os portugueses a comprar o que era deles. Resultado? Uma profunda desconfiança sobre a qualidade dos produtos . E não há campanha de publicidade que dê a volta ao problema", considera.

Mas o senhor Santos gosta de comprar "o que é nosso". Todos os dias, pelas sete da tarde, parte em direcção ao mercado abastecedor de Lisboa, o MARL. Procura o grande "P" envolto em vermelho e verde . "É este", aponta para um pacote de arroz Caçarola. Lá está, o símbolo do "made in Portugal",

O "Compre o que é nosso", iniciativa da Associação Empresarial de Portugal (AEP), nasceu em 2007. Hoje integra 350 empresas que representam 1500 marcas e 8,5 milhões de facturação. "O nosso projecto nunca se assumiu como proteccionista. Tentamos, sim, colocar no mercado produtos com valor acrescentado para o País", ressalta Paulo Nunes de Almeida, vice-presidente da AEP.

05/02/2009

Os blogs são redes sociais

Eis um exemplo:


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Junto enviamos um comunicado relativo à "inauguração" do blog "marcaportugal" no dia 1 de Fevereiro.

Este blogue tem o intuito de ser um espaço de discussão sobre o assunto "Marca Portugal", uma vez que muito se tem falado, muito se tem tentado fazer, mas a verdade é que os resultados não têm sido os melhores.

Muitas opiniões, muitas propostas, muitas críticas têm sido tecidas, mas não existia um local onde as mesmas pudessem estar concentradas e organizadas, não há acesso a todos essa informação, daí a ideia de criar um espaço onde isso pudesse ser possível.

Ao mesmo tempo, pretendemos organizar toda a informação sobre este assunto, e disponibilizar todos os materiais sobre a marca, campanhas, … de forma a ser uma ferramenta de apoio a todos os alunos e profissionais, interessados na área.

Esta "inauguração" terá associada um concurso, em vigor até dia 15 de Março, onde os interessados deverão comentar o post cedido pelo Henrique Agostinho. Os prémios para os melhores posts será um livro "Vende-se Portugal".

Convidamos-vos ainda a visitar o blogue marcaportugal.wordpress.com para
informações complementares.

Para mais informações poder-nos-ão ainda contactar através do email
blogmarcaportugal@gmail.com.


Com os melhores cumprimentos,
A equipa

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