Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

05/12/2007

“Para se diferenciar”

Soundbite – frases que dão dentadas nos lucros

Se alguma coisa a sociedade de consumo ensinou às pessoas, é que para cada fim existem demasiadas opções. Já longe vão os tempos em que a cada tacho havia o seu testo, havendo hoje uma tal infinidade de propostas concorrentes, que alguns gestorzecos mais afoitos aprenderam a repetir o sound-byte: “Para se diferenciar”.

Em teoria, aquelas coisas que nas empresas se fazem “para se diferenciar” seriam aquelas coisas que facilitariam a escolha dos clientes, porque ao serem factos que existir num lado e não existir em mais lugar nenhum, fariam a diferença entre comprar ali ou ir gastar para outro lado. Mas é na prática que a teoria se espeta ao comprido. As opções que nas empresas se tomam “para se diferenciar” tendem a ser causadas por alguns tipos de má interpretação.

Por um lado está a busca da diferenciação no sentido do esquisito e pouco convencional. Normalmente, esta interpretação do diferente emerge quando uma empresa resolve fazer algo que não lembra ao careca e a justifica como sendo um esforço “para se diferenciar”. Acontece por exemplo quando um banco decide afugentar os clientes com a oferta de um CD de música repetitiva, fá-lo “para se diferenciar” da sua concorrência, pelo menos daquela que tem bom gosto musical.

Já por outro lado, há quem entenda que “para se diferenciar” é uma forma de ser irracional, gastando em tolices tanto quanto um excêntrico do euromilhões. O que até é tremendamente vulgar, pois apesar de irracional, é “para se diferenciar” que algumas empresas mudam de logótipo e gastam fortunas em espaço publicitário para espalhar ao mundo que compraram um boneco novo.

Finalmente há quem haja “para se diferenciar” porque simplesmente lhe faltam argumentos e não se lhe ocorre nada diferente para dizer. Nestes casos, ficam a saber os colegas e funcionários que alguma coisa que ninguém mais reparou, como umas dobras no estacionário ou a escolha da plantas para os cubículos, foi feita daquele modo impensado “para se diferenciar”, ainda que não seja evidente como é que essa diferença pode vir a fazer alguma diferença no momento da compra.

Está visto que ser assim diferente, ou especial, sem fazer diferença no momento da compra, só “para se diferenciar”, tende a ser um custo sem receita.