Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

18/12/2007

A agradecer ao senhor Pinho.

O espampanante comício do PS da semana passada e ocultação das degradas fachadas lisboetas com belas fotografias do Nick, tiveram o mérito de tornar as discussões neste (e noutros) blog bem mais estimulantes.

No entanto, tenho reparado que muitas das boas cabeças que por este meio opinativo circulam, colocam demasiadas expectativas nas campanhas de promoção externa de Portugal. São por isso frequentes as opiniões do tipo: “a complexidade de uma cultura é demasiado grande para ser resumida numa campanha”.

Ora, têm toda a razão, é uma verdade indesmentível. A questão é que uma campanha não deve, não pode, ter a veleidade de abarcar toda malha sócio-economico-cultural de que é feito um País. A promoção (de Portugal) deve limitar-se contribuir para trazer receita externa e equilibrar a nossa balança de transacções. (ponto final)

Cingindo o objectivo da campanha ao que e razoável esperar (que sirva para vender alguma coisita aos gringos) perde validade o ponto da complexidade da mensagem, ou a acusação de que algo é redutor. Afinal o problema até é simples. Ou por um lado assumimos que não vale a pena o esforço a promoção e poupamos 100 milhões de euros anuais aos pobres dos contribuintes portugueses. Ou por outro, utilizamos essa verba para fins que sejam plausíveis, esquecendo a cultura e concentrando o esforço nas exportações (de serviços ou produtos).

Pois esse é o maior pecado da WC. O que é que vende o WC da Europa? Como é que o dinheiro dali entra? Para que serve o “filtro geográfico”? No âmbito da promoção não está (não devia estar) em questão se esta é uma representação que nos traduz e representa condignamente. Está apenas em questão o que é necessário e possível fazer para que este investimento (de promoção) não seja desperdiçado. Pois no WC o destino do papel é evidente.

No “Vende-se Portugal” defendo (insistentemente) o benefício Conforto, o que não tem peneiras de nos definir em quanto País, tem apenas a ilusão de servir para vender umas residências a euro seniores endinheirados. Pois venham é de lá os euros, que isto da promoção não serve para nos moldar a identidade nacional. Ou serve?

8 Comments:

  • At 3:13 da tarde, Blogger João Plantier said…

    Henrique. Acredito que haja pessoas que colocam muitas expectativas nas campanhas da marca Portugal. Eu, a única expectativa que tenho é que o ministério da Economia as pare de fazer.
    A ideia de limitar o âmbito das campanhas, focalizando-as em certos objectivos sectoriais parece-me acertada. Não me parece que deva ser o ME a coordená-las mas sim as associações, as chamadas fileiras (ou elas servem para outra coisa?) ou as empresas interessadas. Ainda não tive a oportunidade de ler o seu livro, mas a sua ideia do conforto também será redutora. O "conforto" poderá facilitar a venda de imobiliário e serviços para reformados endinheirados mas não terá interesse para a indústria ou para as telecomunicações ou qualquer outra área não directamente ligada ao turismo sénior. A ideia de conforto devia ser utilizada por um grupo imobiliário para vender mais casas e não por um Ministério de Economa a tentar vender um país.
    Um abraço.
    João Plantier

     
  • At 3:28 da tarde, Blogger Consumering said…

    O João vota: "poupem os 100 milhões", acho bem.

    Acho menos bem a questão das fileiras, veja-se o que faz a ViniPortugal que gasta 6 milhões dos nossos euros por ano a embebedar o País em proveito dos seus associados.

    Estes investimentos representam muito dinheiro, mas na verdade todos juntos mal chegam para uma campanha a sério na Europa, portanto, se é para promover, tem de ser com todos os recursos concentrados num só ponto.

     
  • At 6:58 da tarde, Blogger Squeezy said…

    Também tenho muitas dúvidas quanto a esta nova campanha. Numa das que andaram aí pelo verão, encontrei uma, em Praga, mas numa zona onde apesar de haver movimento não era certamente uma das melhores zonas para a dita promoção!

    Quanto aquilo que defende no seu livro, que já tive a oportunidade de ler, sobre o conforto penso que é muito discutível. Pois se é certo que este género de promoções são efectuadas com o dinheiro dos contribuintes...até que ponto uma promoção do país a apenas um sector não seria injusta para um outro empresário (também contribuinte) de um ramo que não é promovido e que também passa por dificuldades?

    Não se sentiria ele injustiçado?

     
  • At 11:42 da manhã, Blogger Unknown said…

    Caro leitor (uau! um!),

    O ponto da justiça na distribuição da promoção é premente. Todos os dias as empresas passam por dilemas semelhantes, pois fazem milhares de coisas e a generalidade delas não é motivo de promoção. Para os contabilistas das telecoms, ou para os engenheiros da distribuição e para tantos outros, pode ser frustrante ver como o seu trabalho não é promovido.
    Mas a vida é ela injusta, os impostos são injustos, eu que só pago e não recebo, sou injustiçado em relação aos pobres, aos doentes, aos velhos e a tanta gente.
    Ora, como todos os problemas sem solução, assume-se. É injusto, mas a promoção não é uma benesse equitativa, é um investimento racional que deve ser colocado onde puder gerar mais retorno. Assumindo que existe essa verba (o João p.ex. é contra) ela só pode ser aplicada injustamente, caso contrário não trará retorno.
    Um exemplo anedótico. Não é curioso que as campanhas do turismo interno (35milhoes de euros/ano) ocultem ONDE é que ficam aqueles locais maravilhosos que nos mostram na televisão? Ocultam a localizaçao para serem justos para com os sítios feios, mas assim também garantem a sua ineficácia, pois por mais seduzido que esteja para ir ver aqueles lugares, o público não sabe onde eles ficam logo não pode lá ir. Assim se torram 35milhões de euros/ano, uma anedota bem cara.

    Em resumo, só há efectiva promoção se houver focus e o focus é injusto. Como dizia o outro, habituem-se! A única forma de ser completamente justo é o cada um por si.

     
  • At 10:29 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Meu caro, usando da franqueza de que faz amiúde bandeira, por favor esclareça melhor esse ponto de que "só paga e não recebe, é injustiçado em relação aos pobres, aos doentes, aos velhos e a tanta gente".

    Será que anda a pé, e vive num T0 arrendado no Fogueteiro? Ou será que está apenas a ser "modesto" e a lançar poeira para os olhos da malta?

    Pressinto que mama na mama do marketing e dos bitaites, como gente grande, e que essa tirada dos velhinhos é mais para enriquecer a sua prosa, do que outra coisa. A maior parte dos "doentes e velhos" deste país, recebem talvez num ano inteiro, um décimo do que o ilustre arrecada em cada mês - já descontando as suas despesas, é claro.

    Não seja modesto, vá lá - não será assim?

     
  • At 10:50 da manhã, Blogger Consumering said…

    Caro,
    A questão: "contribuinte" vs. "doente e velho" serve para ilustrar a relativa "injustiça" entre ser empresário de um sector prioritário ou apenas empresário.
    Isto em termos da promoção.
    Dizia o Sqeezy que a promoção externa de Portugal não pode preterir sectores da economia porque todos pagam impostos. Ao que contraponho que essa diferenciação é inevitável e desejável. Tal como não quero ser operado, só porque pago impostos que pagam operações.

    Faz assim sentido ou preciso de explicar mais o que quer dizer "só pagar e não receber"?

     
  • At 2:14 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Pois, aí tenho de lhe dar razão: o pragmatismo sempre rendeu mais do que o politicamente correcto, ou o desejo bacoco de "dar a conhecer", como se isso desse de comer a alguém.

    Aliás, já noutro post anterior atacou muito bem essa mania irritante, nesse caso no âmbito empresarial, mas os evangelistas do "dar a conhecer" não conhecem fronteiras.

    A verdade é que alguns idiotas, em grande parte concentrados nos organismos estatais, parecem pensar que vivemos na Noruega ou no Dubai, e que podemos esbanjar milhões de euros em parvoíces que só lhes interessam a eles.

    As agências de publicidade é que agradecem. Afinal, são mestres na arte de sacar quantias obscenas em troca das "genialidades" que inventam enquanto bebem umas cervejas e se riem dos otários que lhes pagam. Ou seja, de todos nós.

    E depois - a pièce de résistance - ainda se dão ao luxo de organizar galas, para premiar quem sacou com maior brilho, a massa exorbitante para produzir tais banalidades. O nível de masturbação colectiva da malta da publicidade, é quase impossível de igualar. Como decerto sabe bem.

    A culpa nem é só deles - mas é pena que o dinheiro usado nestas coisas, não venha exclusivamente do bolso dos responsáveis que as mandam fazer. É mesmo pena.

     
  • At 11:46 da manhã, Blogger Consumering said…

    Num post do meu vizinho Sangue Suor e Ideias discutia-se o porquê de prosperar a despesa anti-económica na publicidade.
    Acho que a conclusão é que todo esse disparate existe porque é confortável para todas as partes. Os clientes que pagam este tipo de palermice, têm os seus egos massagados e conseguem uma forma de convencer os seus pares ou eleitores que estão a trabalhar sem terem de o fazer.
    é verdade que isto é uma ineficiencia, mas a economia não caminha necessariamente para a eficiencia.
    Eu sou um feroz adepto da resposta directa e da responsabilização pelos resultados, mas sei que somos uma minoria e que é muito mais grato vender logotipos.

     

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