O que preferem as crianças?
Chegado o Natal é altura das televisões e suportes publicitários que tal se encherem de apelos ao consumo infantil e imediatista. E são tantos os apelos, que alguns destes produtos se destinam mesmo às crianças. Entre máquinas de fazer pastilhas elásticas para miúdos de 7; elásticos para fazer o cabelo cor de pastilha às miúdas de 10; e whiskies velhos de 12, mal sobra espaço para aqueles produtores que precisam do Natal para sobreviver. Assim, para os gestores, esta pode ser uma ocasião para apreciar as diferenças nas preferências dos adultos e das crianças.
Uma diferença existe. Ainda que possa ser uma surpresa, as crianças sabem que são crianças. Por isso mesmo, as crianças não se deixam impressionar quando um fabricante lhes tenta impingir algo só porque foi feito a pensar com infantilidade. Aliás, dos 7 aos 70, há sérias razões para desconfiar que uma alegação de adequação a um qualquer tipo de consumidor (do tipo, “para aqueles que procuram o melhor” ou “para quem exige sempre mais”) funcione como incentivo para comprar o que quer que seja. Mas, adiante, as crianças não precisam de ser lembradas que são crianças, como tal, dizer que um produto foi feito a pensar nas crianças serve, quando muito, para pressionar os pais pouco atentos. Qualquer criança sabe que ser criança não é um defeito, logo a adequação infantil dos produtos não é argumento que leve a criançada a comprar.
Outra possivel especificidade das preferências consumistas dos menores poderia ser a consideração por quem se devote às causas infantis. Seria o equivalente pré-pubere do que alegam os bancos, ou as gasolineiras, ou todas aquelas outras empresas para crescidos, que anunciam merecer o dinheiro dos seus clientes apenas porque lhes sorriem energicamente, ou estão sempre do seu lado, ou pior ainda, dão-lhes a qualidade de-vida. Mas se a associação de caracteristicas vagas às marcas não ajuda às vendas dos produtos para adultos, como se poderia esperar que essa “publicidade institucional” ajudasse a vender o que quer que seja às crianças. Apesar de pequenas, as crianças não são parvas. O dinheiro que gastam, que é dos pais, é gasto para obter um retorno real dos produtos que escolheram. As crianças são consumidores razoáveis, querem o mais cómico dos brinquedos e não querem declarações de intenções.
E isto porque, finalmente um factor de distinção, as crianças gostam mesmo de experimentar. Os novos gostam de novidade. Tanto que não têm medo de arriscar o subsídio de Natal num qualquer jogo mirabolante que nunca viram antes e nunca mais usarão depois. Ao contrário dos adultos que ponderam bastante as suas decisões, para depois racionalizar os seus erros, as crianças gostam de coisas novas e não compram algo porque já a têm ou sempre a compraram assim.
Enfim, foram as Ruffles que explicaram a coisa com o “até que idade pensas divertir-te”. Quando se tem pouca idade só se pensa em diversão. E é diversão que as crianças procuram nos produtos que preferem. Querem os mais divertidos, os mais animados, os mais hilariantes. São estes os brinquedos que mais vendem. Logo, todos os produtos para crianças parecem ser brinquedos e também parecem ser todos de rebentar a rir. Perante uma oferta tão animada, o que acaba escolhido pelos infantes será o brinquedo que fizer uma de duas coisas: Uma é garantir que todas as crianças da escola também acharão piada à coisa (o que explica porque se vende tudo quanto seja merchandising da Pixar). Outra, é ser aquela uma brincadeira nova e nunca vista (porque a fantasia se quer bem fantasiosa, os jogos tipo Digimon são ainda mais complexos que o bridge). Assim se vê que as crianças são até mais previdentes que os adultos, ao menos, os menores só compram tudo o que lhes parecer divertido.
Nota: Este tema foi pedido pelo Jornal de Negócios, para um reportagem especial que saiu hoje.
Uma diferença existe. Ainda que possa ser uma surpresa, as crianças sabem que são crianças. Por isso mesmo, as crianças não se deixam impressionar quando um fabricante lhes tenta impingir algo só porque foi feito a pensar com infantilidade. Aliás, dos 7 aos 70, há sérias razões para desconfiar que uma alegação de adequação a um qualquer tipo de consumidor (do tipo, “para aqueles que procuram o melhor” ou “para quem exige sempre mais”) funcione como incentivo para comprar o que quer que seja. Mas, adiante, as crianças não precisam de ser lembradas que são crianças, como tal, dizer que um produto foi feito a pensar nas crianças serve, quando muito, para pressionar os pais pouco atentos. Qualquer criança sabe que ser criança não é um defeito, logo a adequação infantil dos produtos não é argumento que leve a criançada a comprar.
Outra possivel especificidade das preferências consumistas dos menores poderia ser a consideração por quem se devote às causas infantis. Seria o equivalente pré-pubere do que alegam os bancos, ou as gasolineiras, ou todas aquelas outras empresas para crescidos, que anunciam merecer o dinheiro dos seus clientes apenas porque lhes sorriem energicamente, ou estão sempre do seu lado, ou pior ainda, dão-lhes a qualidade de-vida. Mas se a associação de caracteristicas vagas às marcas não ajuda às vendas dos produtos para adultos, como se poderia esperar que essa “publicidade institucional” ajudasse a vender o que quer que seja às crianças. Apesar de pequenas, as crianças não são parvas. O dinheiro que gastam, que é dos pais, é gasto para obter um retorno real dos produtos que escolheram. As crianças são consumidores razoáveis, querem o mais cómico dos brinquedos e não querem declarações de intenções.
E isto porque, finalmente um factor de distinção, as crianças gostam mesmo de experimentar. Os novos gostam de novidade. Tanto que não têm medo de arriscar o subsídio de Natal num qualquer jogo mirabolante que nunca viram antes e nunca mais usarão depois. Ao contrário dos adultos que ponderam bastante as suas decisões, para depois racionalizar os seus erros, as crianças gostam de coisas novas e não compram algo porque já a têm ou sempre a compraram assim.
Enfim, foram as Ruffles que explicaram a coisa com o “até que idade pensas divertir-te”. Quando se tem pouca idade só se pensa em diversão. E é diversão que as crianças procuram nos produtos que preferem. Querem os mais divertidos, os mais animados, os mais hilariantes. São estes os brinquedos que mais vendem. Logo, todos os produtos para crianças parecem ser brinquedos e também parecem ser todos de rebentar a rir. Perante uma oferta tão animada, o que acaba escolhido pelos infantes será o brinquedo que fizer uma de duas coisas: Uma é garantir que todas as crianças da escola também acharão piada à coisa (o que explica porque se vende tudo quanto seja merchandising da Pixar). Outra, é ser aquela uma brincadeira nova e nunca vista (porque a fantasia se quer bem fantasiosa, os jogos tipo Digimon são ainda mais complexos que o bridge). Assim se vê que as crianças são até mais previdentes que os adultos, ao menos, os menores só compram tudo o que lhes parecer divertido.
Nota: Este tema foi pedido pelo Jornal de Negócios, para um reportagem especial que saiu hoje.
2 Comments:
At 7:20 da manhã, Anónimo said…
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At 7:36 da tarde, Anónimo said…
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