Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

23/02/2005

8.II) A bajulação não passa desta noite (draft)

O truque mais básico do engate é a bajulação. A bajulação daquela barata, sem adesão á realidade, em que o animador de serões apenas debita rotineiras tiradas de circunstância. “Que és linda, deslumbrante, não paro de pensar em ti, a tua voz é maravilhosa e adoro o modo como contorces os joelhos em desacerto com a música”. São estas bajulações que, parecendo funcionar, é bem sabido, são uma abordagem de pouco futuro.

A bajulação parece funcionar porque toda a gente gosta de ouvir elogios, mesmo quando não são sinceros. Para o ouvinte, um elogio é sempre melhor do que uma crítica. Tanto é assim, que em troca de uns elogios de ocasião, há muita gente disposta a dedicar umas horas ao chato mais feioso que se lembra de ter visto. Mas ainda assim cientes que não pretendem acabar por comprar o produto.

Na publicidade passa-se algo muito semelhante. Muitas vezes, os anunciantes, sem nada de mais interessante para dizer em prol da sua capacidade de fazer alguma coisa que valha dinheiro, recorrem à bajulação do potencial comprador. São os casos daqueles repetitivos anúncios que assentam em declamações ocas como: “para quem quer sempre mais”; “para quem está à frente”; “para os verdadeiros aventureiros”; “quem exige o melhor”; e “sabe o que quer”.

Idealmente as audiências destes estafados lugares comuns, presumiriam que, se tal marca é feita para quem está um passo à frente, então quem comprar a dita marca, é ele um dos que está o tal passo à frente. Pois, não pega, e claro, porque são bajulações sem adesão à realidade.

Limitar-se a dizer que os clientes de determinado produto são os reis da cocada preta tem o mesmo efeito que arremessar piropos de cima de um andaime às fêmeas que passam. É certo que os eventuais clientes gostam de ouvir o elogio. Tal como também é sabido que a avozinha a caminho do supermercado tem no piropo o seu ponto alto do dia. Mas a coisa morre por aí. Não tem mais futuro.

Na verdade, uma compra implica um mínimo envolvimento com o que é comprado. E numa sociedade evoluída (que não é bem a nossa) tudo é objecto de concorrência e alternativas, logo as compras efectuadas resultam de uma preferência em que os diversos produtos são valorizados. E desta forma, os piropos só conseguem concorrer com quem bate na mulher (ou no cliente).

Ora, ignorar o que um produto tem de bom, para se limitar a bajular quem o poderá comprar, resulta numa menor avaliação do que o produto vale, causando o desinteresse final de quem o deveria comprar. O risco é que, quando se bajula ganha-se alguma atenção, mas rapidamente esses 30 segundos passam e a marca vê-se privada da sua tão cara oportunidade para explicar porque é que alguém a deveria comprar.

O que não é de admirar. Ao bajular um potencial cliente a marca não ilustra o que tem de melhor, nem demonstra o porquê de merecer o dinheiro dos outros. Como tal, não há resultado mais previsível para o bajulante esforço do que ingloriamente acabar sem realizar a compra. Resultando tudo em mais uma inútil peça publicitária, daquelas que apenas parecem funcionar a quem nunca facturou.

Para se chegar à transacção, não basta bajular o cliente, é preciso deixar bem claro o que é que se tem para lhe dar.

1 Comments:

  • At 9:47 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Ainda por cima os comentários funcionam.

     

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