Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

09/03/2007

psicologia invertida

Há um momento no crescimento de cada criança em que esta aprende o que é um “não”, qual o seu significado e aí mesmo decide testar os seus limites, contrariando-o. Esta fase, bastante irritante para os pais, é a prazo pouco perturbadora e pode ser facilmente contrariada, quer seja usando da inevitável paciência e firmeza, que seja pelo recurso imediato à psicologia invertida.

“Não queres a sopa, pois não?” “Sim quero!” A psicologia invertida é tão elementar que apenas uma criança pequena cairá repetidamente em semelhante esparrela. Ou uma criança pequena ou um adulto com mentalidade de criança, que é outra forma de dizer consumidor. Sim, os consumidores portugueses parecem estar a aprender o que é o não, e alguns dos seus guias resolveram aproveitar o momento para criar a publicidade invertida, a publicidade que não é publicidade e a publicidade que diz mal da publicidade.

No último ano ou assim, passaram pelos media portugueses as seguintes 3 campanhas de publicidade invertida, pelo menos. A primeira, uma imberbe tentativa da Rede4 que dizia “não ter anúncios caros” para benefício do consumidor. Depois veio o estrondo do Jumbo que despudoramente dizia que não era só publicidade, estava em jogo o oposto desta, a verdade. Por estes dias é o óleo VêGê que ressuscita a abordagem poupadinha da Rede4 mas desta vez sem dizer onde gasta o dinheiro que poupa.

Tal como na deseducação das crianças, estas campanhas têm o seu efeito imediato facilmente demonstrável. Tão bem o petiz comeu a sopa, quanto convicto foi o consumidor ao Jumbo. O problema vem depois quando o aprendiz aprende o truque e não se deixa mais enganar. Assim que a criançada percebe que a sopa lhe esteve sempre destinada quer ele a quisesse ou não, apercebe-se da malícia do truque e torna-se imediatamente insensível.

Tanto que a Rede4 passou a ter anúncios aparentemente caros, com chamativos samurais e o que mais. Talvez porque tenha percebido que o que custa caro não é fazer o anúncio mas sim exibi-lo. Ou ainda talvez porque não tenha percebido que não basta ser poupado, é igualmente importante parecer poupado. Por um caminho de engano semelhante parece ter ido o Jumbo, que depois de ter usado a contra-publicidade com a mestria de um predestinado, aparece o próprio a contradizer-se com uma ainda por compreender confusão entre a verdade, que não publicidade e a novela da vida real, que não é a realidade. Traduzindo. Os fantásticos directos do Jumbo credíveis e anti-publicitários, esfumaram-se num grande irmão gasto e insatisfatoriamente voyer.

Resta o Vegê que está agora a começar, usou o seu truque de inversão e conseguiu com isso alguma atenção. Mas o que irá fazer daqui para a frente?

3 Comments:

  • At 11:58 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Hoje vou estar no Por Outro Lado na RTP 2 a falar sobre a minha genialidade de querer mudar a bandeira portuguesa como forma de atrair mais investimento e turismo. Por favor, vejam-me e oiçam-me, ok?

     
  • At 3:01 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Só para acrescentar a referência à nova campanha da Agros que nos mostra as vaquinhas a pastar.

    O simpático "gestor rural" que dá a cara e a voz à campanha comenta no último spot "(...) isso é coisa de marketing" a propósito da própria campanha. De seguida, apresenta os especialistas da produção da Agros e... são as vacas.

    Parece uma piada engraçada mas é mais um caso de psicologia invertida.

     
  • At 7:59 da manhã, Blogger Consumering said…

    Muito bem apontado

     

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