Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

02/06/2008

Entrevista para Jornal de Negócios

1)Os festivais de música de verão ainda são um “filão” para as marcas que os patrocinam?

Os festivais de verão mantêm o essencial das suas parcas qualidades para as marcas que patrocinam. Apesar da proliferação deste tipo de eventos, o retorno que uma marca pode esperar de um patrocínio destes é, regra geral, tão baixo que de irrisório já não passa.
Regra geral, os patrocínios a festivais são actos do ego e não actos de negócio, portanto a racionalidade do retorno não é um factor crítico, nem agora, nem no passado.

2)Os festivais mais recentes como Delta Tejo (vai a segunda edição) ou o Optimus Alive (vai na terceira edição) perdem relativamente aos mais antigos como o Super Bock Super Rock (mais de dez anos de existência) ou mesmo o Sudoeste? Ou pelo contrário, ainda há espaço para estes eventos?

Os festivais são um negócio como qualquer outro, portanto há e haverá sempre espaço para todos aqueles que acreditarem fazer o serviço melhor do que quem está no activo. Num mercado, o “espaço” não existe, o conceito de espaço limitado foi inventado para defesa anti-concorrencial dos operadores instalados, pois estes têm receio da entrada de novos operadores mais competentes.
Em termos da exploração do negócio dos festivais, o Rock in Rio conquistou uma liderança não por ser mais velho, mas por ser mais competente. Nos festivais de verão, como na banca, nas gasolinas, nas farmácias, em todos os sectores, o que a economia precisa é de mais concorrentes, mais competentes.

3)Em seu entender, que tipo de marcas deverá um evento como o Rock in Rio Lisboa beneficiar?

Apenas as marcas que possam activar (vender) o fruto do seu negócio no cenário de um ajuntamento de pessoas que ali está para ver concertos. São poucas.
As cervejas são um exemplo clássico de produtos que podem obter retorno do investimento. Por outro lado, no caso dos seguros, parece-me muito difícil que estes consigam extrair algum tipo de retorno da sua presença em concertos. É verdade que há quem se defenda do gasto com os ganhos ditos da imagem, mas qualquer análise mais rigorosa demonstra que esses ganhos são irrisórios.

4)O que podem esperar de uma associação a este tipo de eventos? Notoriedade? Activação de marca?

A notoriedade total de qualquer major sponsor num destes eventos é geralmente 100%, quem é que não conhece o Millennium para precisar de ser relembrado da sua existência? Portanto a notoriedade é um ganho impossível para estas marcas. Resta a activação da marca, a venda. Percebe-se que uma marca como o Licor Beirão, faz num concerto uma série de vendas que terão um efeito positivo para o seu negócio mais tarde. Também o tabaco, por estar proibido de anunciar, encontra ali um momento quase único para sair do silêncio. Mas a generalidade das marcas que se envolvem nos festivais não têm modo de extrair valor desta despesa.



(saiu hoje para uma peça sobre os festivais de verão)

8 Comments:

  • At 10:03 da manhã, Blogger Rui Hermenegildo said…

    Manuel Eanes, director de marketing central da Optimus, ao OJE da passada 5.ª feira:
    "- Qual o investimento em música para 2008? Aumentou em relação a 2007?

    - Não partilhamos este tipo de informação. Em todo o caso, acreditamos que estamos a fazer o investimento ajustado para garantir aquele que nos parece ser o mais abrangente e mais consistente projecto de uma marca portuguesa na área da música.

    - Quanto representaram os Concertos Optimus em receitas em 2007? Previsão para 2008.

    - Não divulgamos esta informação."

    Está tudo dito... quando li isto, lembrei-me imediatamente de ti.
    Abraços,
    Rui

     
  • At 8:58 da manhã, Blogger Sibila Publicações said…

    "Regra geral, os patrocínios a festivais são actos do ego e não actos de negócio, portanto a racionalidade do retorno não é um factor crítico, nem agora, nem no passado."

    Mas em pleno Séc. XXI ainda é possível pensar assim?

     
  • At 10:57 da manhã, Blogger Consumering said…

    Basta olhar para o negócio dos patrocínios para perceber quanto é possível "pensar assim".

    Uma historia verdadeira para o amigo Rui:
    Há um ano no festival "superbock-superrock by optimus"(!) actuou uma bandeca qualquer que tinha cedido uma música para um anúncio da vodafone.
    Quando tocaram a sua música, o público, divertido, desatou aos gritos "vodafone, vodafone", em total gozação aos patrocinadores.
    Um ano depois da humilhação, a solução escolhida parece ser enterrar ainda mais dinheiro na festa.


    Pois claramente o retorno não é um factor critico para avaliar o gasto.

     
  • At 3:44 da tarde, Blogger Sibila Publicações said…

    Mas será errado a Optimus insistir em estar num evento onde o público é cliente da Vodafone? Não percebo onde está a humilhação, pelo contrário.

     
  • At 10:18 da manhã, Blogger Consumering said…

    Acho que aquele público nunca tinha gritado "vodafone" na vida e só o terá feito porque foi estimulado a fazê-lo pelo patrocínio da Optimus ao evento.


    A mim não me parece ser um bom retorno do investimento, mas claramente eu não percebo nada do retorno que se pode tirar destas depesas.

     
  • At 12:13 da tarde, Blogger Sibila Publicações said…

    Mas isso é como tudo, como quantificar o retorno de um spot da Optimus passado na RTP às 23h de Quarta-Feira?
    A diferença é que um festival permite uma série de interacções com o público que o spot de tv não permite. Como a venda de bilhetes nas lojas do patrocinador, só para citar um e o mais prosaico. Não sou contra anúncios de tv... só não concordo que o investimento em festivais não dão retorno.
    Bom Deus, estamos a viver em plena era do event-marketing.
    A realidade não se compadece dessa tese.

     
  • At 12:21 da tarde, Blogger Sibila Publicações said…

    Só mais um exemplo. Qualquer marca de cartão de crédito no Brasil patrocina uma casa de espectáculos, por exemplo. Qualquer hotel de 4 estrelas tem um "clube" ou "cartão vip" que dá acesso a espectáculos privados, unplugged, ocupando as salas que de outra forma ficariam vazias, à espera de congressos. É impressionante que em LIsboa não haja um cartão de crédito qualquer que patrocine uma casa de shows... creio que nem preciso estar a listar aqui os benefícios mútuos de ambas as partes.
    Definitivamente, não chegou ainda em Portugal a mentalidade de investimento em eventos culturais, teatro, música, etc. Vê-se uns arroubos, uns rasgos de vez em quando de lucidez neste sentido. Haverá exemplo de acção de marketing mais eficaz do que um Amex patrocinar uma casa de fados, só para ficar num exemplo banal? É inacreditável... deve ser desconhecimento meu. Deve existir, não é possível.

     
  • At 12:25 da tarde, Blogger Sibila Publicações said…

    Banco é o local onde se empresta dinheiro. Lazer é algo com que se gasta dinheiro. Festival de música é um evento onde se gasta dinheiro. Pq não seria um bom investimento para um banco patrocinar um festival? não percebo. Desisto, não insisto mais.

     

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