Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

11/05/2008

“A nova tendência”

As tendências são um dos tópicos favoritos de analistas e comentadores do marketing. Tanto, que se não fosse a busca das novas tendências uma mania velha e bem se podia dizer que a grande tendência é a busca de novas tendências para a mui conforme e ovina gestão de marcas.

Assim, diz-se então por aí que a tendência é a música, ou é apostar nos jovens, ou a tendência é associar emoções, ou que a tendência é usar o humor. O horror. De qualquer destas tendências, sairá um excelente tema para uma peça couriçó-jornalística, entusiasticamente guarnecida de exemplos pouco significativos e a quem ninguém avaliará os méritos.

Aliás, esta tendência para caçar tendências é uma espécie de fenómeno carneirada no meio do marketing e da publicidade. Por alguma razão, tão insondável como as motivações dos rebanhos, instalou-se no meio do marketing a noção, que se há uma tendência, devem segui-la todos os animais da floresta.

Ora, quem segue tendências corre o risco de acabar na cauda da manada e a remoer erva pisada. Aí os criadores de tendências são lobos com pele de cordeiro. Pois levam os concorrentes a perseguir o que antes outros já fizeram, conduzindo-os para uma existência apagada, sem mérito, nem lucro.

Um exemplo ilustrativo. Uma badalada tendência foi a utilização do stand up comedy como forma irreflectida de quebrar a indiferença face à publicidade tendenciosa. Neste caso, como em muitos outros, os primeiros a adoptar a tendência, enquanto ela ainda era apenas uma novidade, colheram os merecidos louros do seu arrojo. Mas assim que a ideia original se transformou numa tendência, tornou-se evidente que os outros anunciantes que foram atrás do sucesso da Frize, mais não tiveram do que parcos resultados e a breve e apagada tristeza de serem perfilados como gente que faz número, mas não conta.

Em resumo, isto da nova tendência, é como contar carneiros, é repetitivo. E como as marcas se querem distintas, sempre que alguém segue uma nova tendência, estará simplesmente a ir na manada. Algo tão inteligente quanto um estoiro de búfalos em direcção a um precipício. Pois as manadas existem para que os seus integrantes passem despercebidos, que é um objectivo digno para quem é uma presa, mas não serve minimamente às marcas que se querem predadoras e não perdedoras.



(Soundbite – frases que dão dentadas nos lucros)

2 Comments:

  • At 1:01 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Outro exemplo, desta vez nos bancos:
    O Millennium fez um anúncio com o Ricardo Azevedo a cantar, no meio da
    rua, para o crédito habitação
    Logo a seguir o Montepio faz um anúncio "igual" com um grupo
    "Trabalhadores do Comércio ?!" a cantar, no meio da rua, para um crédito
    nem sei de quê
    Depois o BPI faz um anúncio também com cantorias com público, acho que a
    imitar a chuva de estrelas, para publicitar... este é que já nem sei mesmo
    qual o produto...

    Eu, que sou leiga na matéria de marketing, faz-me confusão 2 coisas:
    1º como é possivel as agências "copiarem" uma ideia, apresentarem
    anúncios praticamente iguais aos clientes e ainda cobrarem uma fortuna?
    2º como é possivel os clientes bancos, aceitarem estes anúncios das
    agências?? e pagarem uma fortuna por eles?

    Depois de ler o teu artigo, percebi... deve ser uma nova tendência!

     
  • At 11:28 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ok... percebi perfeitamente, mas a "máxima" do Marketing não é a diferenciação? Se assim o é a "queda" para a tendencia acaba por "matar" logo o objectivo de qualquer acção promocional.

     

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