Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

04/06/2008

A responsabilidade matou o gato.

A publicidade vai ser transaccionada ao Custo Por Acção, retirando o sentido aos mitos e fantasias da imagem

Há muito, muito tempo atrás, ainda era vivo o milénio passado, num tempo em que alguns animais falavam, nascia o mito da publicidade da imagem. Qual princesa encantada que sempre seduz e conquista, esta publicidade sem mensagem ganhou fama e o proveito de salvar negócios, derrotar dragões e arrastar multidões.

A fama da publicidade da imagem, granjeou muitos aproveitos, à sua volta nasceram cidades pavimentadas a ouro, por onde circulam mágicos de confusa sabedoria e se alimentam tantos gatos gordos que nunca tiveram de correr pela vida. O negócio ia nu, grande e vaidoso, reposicionando aqui, rebrandeando ali, associando valores acoli e patrocinando grandes festivais onde quer que estes se realizassem. Tudo em nome da imagem e sem sombra de a concretizar em vendas.

Tratou-se apenas de um mito, uma fábula, mas houve quem vestisse a pele das personagens, levando ao dispêndio de milhões na fantasia, criando para a imagem um parque de diversões e sustos que cobra luxuosamente aos novos e crédulos visitantes. Isto até o CPA se materializar.

O CPA, Custo Por Acção, é uma invenção da publicidade online que promete privar muitos da sua fantasia da comunicação sem um fim à vista. O conceito por detrás do CPA é até bastante simples: o anunciante só paga pela quantidade de clientes que angariar. Tão simples que promete ser devastador.

Daqui a algum tempo, neste século e se calhar ainda nesta década, os anunciantes terão à sua disposição a possibilidade de converter o seu investimento em publicidade em comissões por angariação. Por exemplo. Virá o tempo em que haverá um operador de telecomunicações que deixa de torrar milhões apenas porque esta aborrecido e passa a pagar às suas agências por cada venda que estas concretizarem. Do outro lado da rua, um banco, desinveste da mudança de cor, para se concentrar em angariar novos clientes para os seus balcões. Na mesma altura, um fabricante de detergentes, aluga máquinas em troca do uso premium das suas pastilhas. Ou um simples promotor imobiliário que mede o desempenho pela quantidade de visitas que angaria.

O CPA não só permite, como obriga a estas pequenas transformações. Com a medição directa dos resultados, os anunciantes deixam de anunciar na vã expectativa de serem reconhecidos e quem sabe escolhidos, como faziam no tempo do custo de visualização. Com o CPA, o que tem valor é a acção, a venda, a resposta directa.
Este futuro parece retirar um pouco da magia e do glamour, ao passado, mas de saudosismos estão os tribunais de falências cheios e cabe aos negócios encarar de frente o que lhes vai acontecer com a propagação do CPA. Isto se quiserem continuar a ser chamados de negócio.


Artigo da (r)evolução para o Meios&Publicidade

8 Comments:

  • At 11:46 da manhã, Blogger João said…

    Concordo que o CPA deveria (deverá?) ser o método por excelência para "pagar" publicidade, no entanto, este desejo dos anunciantes vai enfrentar grandes desafios do lado das agências e canais de distribuição... Para estes, os dias de hoje são "maravilhosos" comparados com os dias de CPA que podem aí vir! :)

     
  • At 11:17 da manhã, Blogger PR said…

    the revolution will not be televised, but digitalized...

     
  • At 2:00 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Ok, a mensagem é clara: não basta fazer por fazer, é preciso fazer para vender. E se é possível pagar apenas pelo que vende, então parece o negócio perfeito. Apenas 2 questões:

    1. Como sustentar uma campanha de média/larga escala, que pode envolver meios caros de produção, compra de espaços, etc, sem receber à cabeça pelo menos uma parte? O seu discurso, é no fundo apenas para agências grandes?

    2. A partir do momento em que aumentam os players no mercado do CPA, até onde pode esticar o modelo? Todos já passamos o dia a receber propostas "irrecusáveis" disto e daquilo, com forte intenção comercial e não apenas de branding. Mas o poder de compra não está a subir, pelo contrário. Ou seja, cada vez mais players, não necessariamente mais vendas, a margem irá descer mais e mais, e as garantias de retorno serão cada vez menores - desta vez não para os anunciantes, mas para as agências.

    E tenderão a permanecer não necessariamente as melhores, mas as que têm mais meios, cunhas... Logo, o que há de tão diferente - e fantástico - relativamente ao modelo actual?

     
  • At 11:44 da manhã, Blogger Consumering said…

    Tentativas de responder:

    1) O CPA prospera na internet onde o conceito de "massas" não se aplica. Quem trabalha em CPA são os afiliados das redes tipo Zanox ou netafilliated, gente pequena, bloggers, micro-agências. O CPA é a vitória dos eficazes, não dos grandes.

    2) A concorrência está sempre a aumentar, as margens dos produtos indeferenciados sempre a reduzir-se, é assim que funciona a economia.

     
  • At 4:51 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    1) Como assim, não se aplica? Quando promove um cartão de crédito ou um laptop, para quem está anunciar? Se calhar falamos de coisas diferentes... eu falo de campanhas, não de Adsense e afins, onde os tais bloggers ganham uns trocos por rodarem uns anúncios.

    2) Sem dúvida, mas não deixa de transferir o risco do anunciante para a agência. E voltamos sempre à questão de quem pode suportar os custos iniciais.
    Isso é bom, para evitar as actuais campanhas bacocas de "somos tão bons", pagas a peso de ouro? É.
    Isso tenderá inevitavelmente a saturar o mercado e a trazer práticas menos limpas, porque no fundo ninguém dá nada a ninguém? Creio que sim.

     
  • At 5:08 da tarde, Blogger Consumering said…

    ligeira clarificação - De "massas" não foi aplicado com conotação de "popular" mas sim com a conotação de "broadcast", ou seja, a internet não é um meio "broadcast".

    De resto estamos lá.

     
  • At 7:46 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    "De resto estamos lá,"
    Pois. Mas quando fala das maravilhas do paradigma CPA, talvez valha a pena mencionar também os caminhos mais "tradicionais" para chegar a alguns clientes?

    Creio que continua a falar por si, e para si. Uma micro-empresa ou blogger, já conhece o CPC há muito tempo. Rodar banners não custa nada, o difícil é ganhar a sério com os cliques ou leads obtidos, e sobretudo conseguir os clientes que os paguem bem.

    É impossível sustentar um hotsite, colocação de anúncios, campanhas Adwords, etc, sem um investimento relativamente grande. E fazer isso para pequenos clientes, com margem reduzida, não é a mesma coisa que lançar o novo telemóvel da Vodafone. Não estou a dizer que ter a Vodafone como cliente é fácil; estou a dizer que sem dinheiro a sério para ganhar, é muito risco com pouco retorno.

    Qual a etapa seguinte, a seu ver, a seguir ao CPA?

     
  • At 9:34 da manhã, Blogger Consumering said…

    Discordo
    - ideias como standpt.com ou omeucredito.com seriam impossíveis nos meios offline.
    - o investimento necessário para levar a cabo estas iniciativas é muito baixo.
    - os clientes são providenciados pelas redes de afiliados, como a zanox, sem precisar de favores.


    Por fim, não sei o que virá após o CPA, acho que ainda vai demorar muitos anos para vermos todo o impacto do CPA.

     

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