Consumering

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12/01/2008

The revolution will not be televised

A televisão vai deixar de ser o destino da publicidade, seja porque deixa de ter intervalos, ou porque os anunciantes não os vão querer



É curioso como (todos) os para-fenómenos da televisão digital dispensam os intervalos. De facto, as pioneiras ferramentas de digitalização da emissão de vídeo: o Tivo, a memória da TVbox, o IPTV, o video-on-demand, os videocasts, o YouTube e mesmo a pirataria de DVDs, têm em comum algo mais do que o desrespeito pelos direitos de autor. Em todos os pré-fenómenos da inevitável digitalização da televisão se nota uma preocupante falta de intervalos.

Talvez seja porque na televisão digitalizada, o público só vê aquilo que quer e portanto não lhes sobra espaço para aturar os intervalos. Especialmente quando a duração dos intervalos em canal aberto cresceu ao ponto de se tornarem irritantes. Ora, com tamanha confluência de sinais, não será demasiado arriscado estimar que esta é uma tendência que, ao contrário dos intervalos, veio para ficar. Na televisão digital deixará de haver intervalos, acabando com o espaço para a publicidade tradicional.

Parecendo que não, o fim dos intervalos para publicidade é capaz de ser desagradável para os canais de televisão não pagos. Não só porque é de lá que retiram toda a sua receita, como ainda por cima, sem os intervalos, ficam os seus amigos anunciantes sem lugar onde colocar os tão queridos anúncios. Afinal, a riqueza das televisões fez-se de conseguir cativar o público com aquilo que o anunciante queria mostrar, a partir do momento em que essa gentalha do público só vê o que quer, fica por saber a quem cobrar pela diversão.

Desengane-se quem acha que a solução está no product placement, porque mais depressa se massifica o IPTV do que se descobre a fórmula para produzir conteúdos tão interessantes quanto tematizados comercialmente. Quem duvidar, que tente escalar o Top+ com uma música sobre tampões e verá o jeito que lhe dá controlar o intervalo da emissão.

Mas há esperança, a falta de intervalos pode acabar por ser compensada com a diminuição dos anunciantes. Não é à toa que algumas das marcas mais interessantes da actualidade não gastam nem um tostão em publicidade. O Google e a Zara nunca anunciaram e não parece que sintam falta dessa despesa. Se a moda pega, as empresas que não desperdiçam milhões em publicidade desligadas dos objectivos comerciais, tornar-se-ão mais eficientes e aniquilarão os adeptos da publicidade emocional, experimentalista, ou lá o que se chama a essa coisa que entretém os administradores
das utilities sem concorrência.

É a pura verdade, se a Internet se vai tornar no meio dominante, não se poderia esperar que deixe passar incólumes os anteriores governantes. A publicidade na televisão que se prepare.


(De volta ao Meios&Publicidade)

5 Comments:

  • At 10:05 da tarde, Blogger Squeezy said…

    Concordo com o que escreveu, mas...

    Se de facto se vier a criar essa revolução da publicidade (que ainda levará o seu tempo) certamente outras formas de criar e mostrar as mesmas iram surgir.

    Aliás uma possibilidade que pode vir a pegar é aquando da visualização de um qualquer vídeo na net sermos obrigados a ver uma pequena publicidade antes do começo do mesmo. O próprio Youtube já ponderou aplicar isto a todos os seus vídeos.

     
  • At 5:29 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ainda não vimos qual será o modelo de negócio da televisão do futuro em sinal aberto. A ver vamos.
    O Henrique conhece o exemplo da rádio e a razão pela qual as rádios só de música nunca vingaram...

     
  • At 10:41 da tarde, Anonymous Anónimo said…

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  • At 4:23 da tarde, Blogger Consumering said…

    Não percebi a questão das rádios só de música....

     
  • At 9:30 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    As rádios precisam da voz, porque é daí que vem o dinheiro. As televisões precisam dos anúncios. Sem intervalos... só, talvez, o product placement. Que não dá para tudo.

     

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