24 - O AD-nauseum de uns é o déjà-vu dos outros
“Quando nas alturas o céu não fora nomeado. E embaixo, solo firme não fora chamado”, assim começa o Enuma Elish, um poema sumério, considerado o texto mais antigo da humanidade e que, apropriadamente, descreve a criação do universo. Sobre o mesmo assunto e muito mais novo, também o Antigo Testamento se escreve em verso: “No início era o verbo, e o verbo estava com Deus”. Outro poema, o Rig Veda, é o mais antigo texto hindu. Ou seja, nas origens da cultura estão os versos, uma ligação imortal que se verifica até em culturas mais recentes. É tanto assim, que os versos de Dante, Shakespeare ou Camões apadrinham a língua do seu próprio povo. Com ou sem rima, a poesia é um passaporte para a imortalidade, porque a estrutura repetitiva dos versos tem o poder de interferir com a memória. Prosaicamente, é a repetição da métrica, das sílabas e até dos sons em cacofonia, que permite aos poemas serem lembrados. Até na publicidade, onde desde os pitorescos tempos do jingle e propaganda, o poder da repetição é reconhecido.
Aquilo que o gestor da marca já vê nos sonhos, o consumidor apenas terá começado a reconhecer. Ninguém está tão atento à publicidade quanto quem paga por ela, por isso, é perfeitamente normal que determinada campanha enjoe o anunciante muito antes de ocupar algum espaço na cabeça do consumidor. Não há que temer a repetição. Tal como os versos, a publicidade deve se repetir, repetitivamente, até ao ad-nauseum, porque mais vale repassar, do que passar despercebido, sem chegar a causar, um ligeiro déjà-vu.
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1 Comments:
At 2:33 da manhã, Anónimo said…
Cool blog, interesting information... Keep it UP »
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