Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

11/02/2008

Não fale, faça-se ouvir

A medição de audiência não tem valor e portanto vai acabar por acabar, tal como acabou na Internet.



O crash da bolha das dot.com (por volta do ano 2000) fui em parte ajudado pelo fim dos “eyeballs” e pela introdução do “pay-per-click”. Nesse conturbado momento, tomou-se a consciência que na Internet não valia muito a pena mostrar a publicidade a milhões de pessoas (ou pares de eyeballs) se elas ignoravam essa mesma publicidade.

A Internet tem destas coisas, neste meio, é possível saber com rigor das tantas pessoas que viram, quantas interagiram com um determinado anúncio. Chamaram ao feito de “click-trough-rate” e por breve meses os pioneiros do sector andaram obcecados com o seu rápido declínio. Tinham razões para se preocuparem, o nº de pessoas que clicava nos anúncios, que começara na casa dos porcento, baixou rapidamente às décimas de permilagem. Traduzindo, para conseguir que uma só pessoa interaja com um anúncio online não é invulgar ser necessário imprimir esse mesmo anúncio em dezenas de milhar de ecrãs.

Preocupados com este desequilíbrio os anunciantes ganharam medo às audiências online e passaram apenas a querer pagar por quantas pessoas interagiam com os seus anúncios. Nascia assim o pagamento por click (CPC) e com o rigor introduzido morria toda uma excitada indústria de conteúdos online. Os portais inventados então morreram rapidamente, pois tinham sido pensados para vender impressões online ao preço das offline. Para o caso, registe-se que as impressões online são centenas de vezes mais baratas dos que se pagam nos meios tradicionais.

Apesar de ser confrontada com um meio milhares de vezes mais barato e onde é possível medir com exactidão o impacto gerado, a indústria da veiculação de publicidade persistiu escudada na ideia empírica que anunciar costuma resultar. Ignorando para tal a falta de respostas a alguns dos seus anúncios, continuando preocupados apenas com a dimensão da sua amostra.

Ainda por cima, toda a gente tem sérias razões de queixa da forma como as audiências são medidas. Isto de telefonar para umas linhas fixas (presentes em menos de 60% dos lares) a perguntar do que se lembra de ter ouvisto, não se pode considerar fidedigno. Como tal, a prazo, é insustentável que se mantenha o actual logro da medição das audiências.

Ora, se é milhares de vezes mais barato e com remuneração rigorosa do impacto, o que é que os anunciantes ainda estão a fazer fora da Internet? Se esperam pelas audiências, então estão à espera de ser acometidos por um fulminante ataque de obsolescência.


Artigo da (r)evolução para o Meios&Publicidade