Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

01/08/2005

12.II) A morte anunciada da publicidade tradicional

Qualquer artigo de opinião que prometa o fim de uma era e anuncie o despontar de uma outra, tem garantido o lugar nas inúmeras colunas de opinião que pelo mundo se escrevem. O que é já não era como antes. Agora vai ser diferente. E já está. Se estreitar o âmbito da mudança à gestão das marcas, o que sempre pega bem é dizer: “A publicidade tradicional já não funciona, precisamos de uma nova abordagem”.

É um facto, não falta quem advogue o fim precoce da publicidade tradicional e dos irredutíveis 30” de televisão. No máximo, está morta, ou já não é o que era. No mínimo, a publicidade, dita tradicional, tem tantos coveiros como clientes. Curiosamente. Ou seja, apesar de ser comum advogar que a publicidade tradicional dos 30” já não é o que era, o investimento neste expediente dito caduco, cresce todos os anos a um ritmo que deixaria um sheik do petróleo roído de inveja.

Dizem os profetas do fim (da publicidade tradicional e dos seus 30”) que esta está acabada, ou não fossem maus os seus resultados. Sim, dizem que a publicidade tradicional, e os 30”, já eram, não porque os clientes tenham deixado de investir nela (o que já se viu não aconteceu) mas porque os seus resultados deixam agora muito a desejar. É verdade que algo vai mal no reino da publicidade quanto tanto dinheiro é gasto pelos anunciantes para tirarem daí tão pouco resultado. Mas claro que o problema não é da publicidade em si, o mal é de quem a faz, que a faz mal feito.

Se dois anunciantes investem o mesmo em publicidade mas um consegue aumentar as suas vendas enquanto o outro as vê cair, a culpa não será da publicidade em geral mas sim da execução em particular. É óbvio. Se por ventura a publicidade não está a trazer vendas para o negócio, então o problema não é da publicidade toda, o problema está em quem faz aquela publicidade. E, por outro lado, enquanto houver marcas bem sucedidas a fazer publicidade, então é porque a publicidade funciona, mas só para quem a sabe usar.

Ou seja, não é a publicidade tradicional e os seus 30” que estão estafados. Este é apenas um sinal de uma monumental ilusão corporativa. A verdade é que, se a publicidade não aumentou as vendas, então a publicidade foi mal feita, e quem a fez mal, é simplesmente um mau fazedor dela. Assim, da próxima vez que a publicidade estiver sob a mira dos seus detractores, entenda-se a tirada, como tirada do ressentimento que sempre vem junto com a incompetência.

Existem marcas que são construídas com publicidade, bem como existem outras que crescem sem apoio publicitário, tanto quanto existem umas terceiras para quem o dinheiro gasto em publicidade cria tanto valor como o patrocínio de um jogo de golf. Mas será este um sinal da falibilidade da publicidade? Então, como tudo o que é falível morre, estaremos nós a assistir à morte de um formato?. Alto aí. Existem marcas que são construídas com publicidade tradicional. A Kinder, a Tele2 ou a Frize são sucessos feitos na televisão. E enquanto isso, os concorrentes, Masterfoods, Oni e VMPS, perderam cotas de mercado apesar de disporem das mesmas ferramentas.

A publicidade tradicional, e os 30”, não está morta, longe disso, há sucessos recentes em número suficiente para demonstrar que a publicidade faz vender. Pode é ser que seja agora mais difícil fazer boa publicidade (daquela que vende). Pode ser que sim, mas se fazer bem feito ficou recentemente mais difícil, então os anunciantes precisam é de profissionais mais competentes e não de habilidosos que além de não saberem fazer boa publicidade, depois do acidente, ainda vêm e culpam a estrada.


Artigo publicado no M&P ainda antes das férias de Agosto.

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