Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

13/11/2005

13 (mpe) – Nem tudo o que tem nome em inglês é ouro

Algumas grandes empresas alegam que a razão porque gastam tanto dinheiro em anúncios é para que a publicidade tenha notoriedade e associe valores à marca, reposicionando-a em segmentos, como um factor de diferenciação, capaz de contrariar, pela construção de um território, a tendência de equivalência entre produtos. Ora bem, mas que bela confusão! Se é por isso que as empresas grandes fazem publicidade, então, ainda bem que as pequenas empresas não têm dinheiro para estes luxos. Gastar em publicidade sem saber que resultado esperar é uma das formas mais eficientes e rápidas de torrar dinheiro.

Digam o que disserem os publicitários, a publicidade (e as outras acções equivalentes) servem exclusivamente para vender. Não servem para mais nada. Como tal, se por via de um qualquer esforço publicitário (a presença numa feira, um anúncio de jornal, ou até uma campanha multimédia) o resultado obtido não foi um aumento das vendas, então podem estar certos. Foi dinheiro mal gasto.

Ainda assim, criou-se nas cabeças de alguns empresários e gestores, com síndrome de carneirada, a impressão (infundada) que pode haver outras razões para as empresas gastarem dinheiro em publicidade. Normalmente são essas razões daquelas baboseiras disfarçadas de inglês que todos repetem mas poucos sabem o que querem dizer: o branding, o benchmarking, o top-of-mind. Tudo coisas que não parecem valer muito dinheiro (porque não são vendas) mas todos imaginam custar uma pipa de massa.

Nestas coisas do marketing, é até bom que as pequenas empresas não possam desperdiçar recursos. Ao menos assim escusam de fazer de tontos ao gastar avidamente em coisas que nem imaginam para o que servem. Infelizmente não é único o caso do empresário que gasta o que não tem em publicidade e o faz sem saber para o quê. Mas quererá isto dizer que as pequenas empresas não devem anunciar? Nada disso e antes pelo contrário. Todos os negócios que precisam de vender devem anunciar. Convém é que saibam o que anunciar.

Já vimos, a publicidade só serve para vender. Então como se faz o milagre? Simplificando uma ferramenta cuja explicação e aplicação é bem mais longa do que isto (e que vai tomar algumas destas páginas) a publicidade vende sempre que se explica a um potencial cliente a razão para preferir determinado produto em relação aos concorrentes.

Imagine-se que uma oficina coloca um cartaz para a rua a dizer: “reboque gratuito”. Isto pressupõe que quem passar na rua se irá tomar nota do número de telefone e da próxima vez que o carro avariar se lembrará de ligar para ter o carro arranjado sem ter de encomendar o reboque de um lado e a oficina do outro. Se tudo isto acontecer, então o cartaz é publicidade e da boa.

Boa publicidade é quando se divulga uma coisa e acontece tudo isto que se viu no exemplo anterior. Tem de o cliente reparar, deve ficar interessado, e vir a precisar de semelhante coisa. No caso do reboque, aquele cartaz valeu o seu peso em ouro. Mas, por outro lado, se não tiver o efeito desejado, se ninguém vir o cartaz, se o reboque for coisa que ninguém precisa, ou se ninguém perceber o que tem escrito, então é um flagrante caso de má publicidade.

Má publicidade é toda a publicidade que não se traduz em vendas. E há duas razões para o desastre, a primeira delas é porque o marketing (nota: marketing é algo parecido com a ciência que permite fazer boa publicidade) não é uma ciência exacta e por isso ninguém pode garantir que o bom trabalho sempre dê bons resultados. Já a segunda razão para se fazer publicidade sem conseguir vendas acontece sempre que um cliente, ao ver a publicidade, não percebe porque é que há de preferir o produto em vez de um concorrente, como se verá depois.

15 Comments:

  • At 10:18 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Caro Henrique,

    É errado afirmar que os investimentos em publicidade só se justificam caso tenham um impacto directo e imediato nas vendas. Nem todos os objectivos em Marketing e Publicidade são de curto prazo. Vender é sempre uma finalidade, mas para serem atingidos objectivos extremamente exigentes é preciso realizar uma construção a longo prazo na cabeça das pessoas. Nunca se sabe que resultado esperar de uma campanha publicitária, apenas se pode fazer uma previsão, que mesmo que tenha resultados menos positivos, geralmente é compensatória (seja a curto ou médio prazo).

     
  • At 8:46 da manhã, Blogger Consumering said…

    Bom dia, Apesar de ser verdade que há (pode haver) outros motivos legitimos para a publicidade que não as vendas. Tb é verdade que esses objectivos menos tangíveis servem para ocultar a falta de objectividade de muita despesa. Assim sendo, e para evitar que se confundam os demasiado parecidos efeitos de deitar dinheiro ao rio e construir uma marca para o futuro, eu prefiro usar as vendas actuais como barómetro da razão. Se vendeu é bom, se não vendeu é mau. Até porque mesmo quando se procura efeitos de longo prazo, nada impede que as vendas não apareçam no curto prazo, validando assim a métrica: Boa publicidade=mais vendas.

    Em resumo: Não estando "100% certo", a obrigatoriedade de esperar vendas da publicidade é pelo menos clarificadora e desejável. Por isso é que eu defendo a posição mais radical (que sempre acerta) vendeu é bom, não vendeu foi mau.

    Volte sempre.

     
  • At 11:47 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Na minha opinião, " Top of Mind" , notoriedade espontânea, brand equity, etc, etc são estratégias de venda. Se uma empresa identifica estes valores como " factores chave de compra" deve fazer a sua publicidade neste sentido mas sempre com o objectivo de vender, seja a curto ou longo prazo. Por este motivo penso também que o melhor metodo de avaliação da publicidade são as vendas, sejam estas directa ou indirectamente influenciadas pelas campanhas de publicidade.

     
  • At 1:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    A publicidade actual. na minha opinião, está a chegar ao seu apogeu barroco rococó. Ela é talha dourada a torto e a direito, anjinhos gordinhos e cornucópias com fartura, carregada de fachadas maçudas e dispendiosas.

    Em detrimento deste cenário, nestes últimos posts cada vez noto mais a postura do Consumering como o reformador radical e espartano. Eu digo que venha ao de cima este "neoclássico" limpo e funcional, mas pelo sim, pelo não, deixemos ao menos uns frisos trabalhados e umas boas estátuas na fachada, não vá esta "monumentalidade das vendas" assustar o consumidor...

    Até jáaaaaaa ;)

     
  • At 4:38 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    A minha pergunta é a seguinte : Esses objectivos de publicidade,informar e por as pessoas a falar do produto, não têm como fim a venda desse mesmo produto?
    Acho que os objectivos da publicidade têm de servir os objectivos de marketing, sempre. A não ser que seja publicidade que esteja fora de um plano de marketing, e essa publicidade é feita habitualmente para entrar em concursos de criatividade e não em competição por quotas de mercado.Não quer dizer isto que pense que a publicidade não deva ter boa criatividade e qualidade na forma de comunicar.
    O que acham?

     
  • At 7:01 da tarde, Blogger Consumering said…

    Faceless, não imagino que objectivos pode ter uma empresa que não sejam:
    - aumentar receitas
    - cortar custos
    Ora, a publicidade custa dinheiro por isso só se justifica se conduzir ao aumento das receitas, ao aumento das vendas.
    Se na universidade lhe ensinaram o contrário, presumo que seja mais um daqueles casos em que, quem não sabe, ensina.
    De notar que a criatividade tem e terá sempre lugar na publicidade, mas a criatividade é apenas um meio e não um fim. Assim, a criatividade é boa se vender, se não vender é má.

     
  • At 7:02 da tarde, Blogger Consumering said…

    Faceless, não imagino que objectivos pode ter uma empresa que não sejam:
    - aumentar receitas
    - cortar custos
    Ora, a publicidade custa dinheiro por isso só se justifica se conduzir ao aumento das receitas, ao aumento das vendas.
    Se na universidade lhe ensinaram o contrário, presumo que seja mais um daqueles casos em que, quem não sabe, ensina.
    De notar que a criatividade tem e terá sempre lugar na publicidade, mas a criatividade é apenas um meio e não um fim. Assim, a criatividade é boa se vender, se não vender é má.

     
  • At 7:06 da tarde, Blogger Consumering said…

    PS - Bem vindo Bruno (obrigado pela qualidade dos comentários) e bem retornado Noesis (estás em grande forma de copy!)

     
  • At 12:25 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Caro henrique,

    apenas uma pequeníssima dúvida. suponhamos que temos publicidade muito boa ( muito gira!!) a determinado produto. Resultado, o stock esgota-se. Mais tarde, lançamos uma segunda campanha para uma ligeira variante do primeiro produto. A campanha é má (não é gira!!) e objectivamente não venderia. No entanto, o produto volta a escoar fruto de todas os topos de mente, do “notorious” brandy ou do emotion “distillerie” que a primeira campanha provocou (“eu quero é o telemóvel do tou xim”, ouvíamos nós muitos anos depois, já o pastor tinha vendido as cabras).
    Não será então este excedente de notoriedade da campanha do primeiro produto perfeitamente quantificável nas vendas e nos custos de produção da campanha do segundo produto?
    Se assim for, não será “à contrario” perfeitamente possível que uma campanha que não venda imediatamente (não gira!!) estar efectivamente a vender num segundo momento, posterior, o mesmo produto uma campanha melhor (e mais gira!!), apenas porque abriu caminho, referenciou a marca e gerou emoção?
    Não estamos perante uma espécie de episódio da 5ª dimensão em que o marketing e a publicidade se encontram na sala de espera de uma qualquer empresa em Portugal?

     
  • At 10:10 da manhã, Blogger Consumering said…

    Bom alerta RayBan!
    Na verdade a publicidade deve ser medida em "variação das vendas/investimento" ou seja. Se a empresa já vendia X e depois passou a vender Y, enão a campanha é boa se Y>X, caso contrário ou a campanha é má ou então convém que haja uma grande desculpa, tipo um terramoto na fábrica seguido de uma proibição de vender o produto ou um assalto de castores e doninhas militarizados no armazém.

    Se nada de anormal aconteceu e as vendas cairam, a pub é uma droga. O resto são conjecturas. Algumas das quais têm a sua razão de ser, mas sempre limitadas ao "caso particular". Porque "na base" a boa publicidade é aquela que vende e o resto são desculpas de mau pagador.

     
  • At 11:12 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    "Quem não sabe, ensina!" Não poderia estar mais de acordo com esta afirmação, sobretudo agora que estou a tirar uma pós-graduação em marketing (claro que há excepções)...

     
  • At 11:49 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Rayban,

    Ainda em relação ao encontro entre o marketing e a publicidade na sala de espera, acho que quando é preciso devem ir "juntos" ao médico e não se encontrarem lá por acaso!!É que o mal estar de um, seguramente vai afectar o outro.
    até já
    ( foi só um apontamento para completar a metáfora)

     
  • At 4:13 da tarde, Blogger Consumering said…

    Bruno, ainda esta semana conversava com um adminstrador de uma grande empresa tentando explicar-lhe isso mesmo. A maior parte das vezes o problema não está na comunicação OU no marketing, o problema está em separação entre a comunicação e o marketing. Quando o que se precisa de dizer o que se diz são coisas diferentes é bem provavel que daí saiam mal entendidos.
    Assim sendo, a publicidade só é tão boa quanto for o marketing que a motiva.

     
  • At 10:48 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Where did you find it? Interesting read »

     
  • At 10:07 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Cool blog, interesting information... Keep it UP »

     

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