41 - Isto não é para si

Todos os anos, pelo Natal, cada criança inglesa recebe o equivalente a 300 euros em presentes. Este é um valor tão impressionante que a economia dos países ocidentais já nem passa sem ele. E não é só no ocidente. Apesar da tradição do Natal ser eminentemente cristã, mais de metade dos brinquedos vendidos nos Estados Unidos são fabricados na China. É que, como tudo, os presentes de Natal são um fenómeno globalizado, e a sua oferta tornou-se prática corrente até em países budistas como a Coreia do Sul. De facto, percorreu-se um longo caminho desde que há dois milénios, em plena Epifania e talvez no dia 6 de Janeiro, os três Reis Magos presentearam o Filho de Deus com ouro, incenso e mirra. 2000 anos depois, as prendas são agora jogos, perfumes, vinhos ou chocolate. Mas para dar. E a todos. Nem que se ofereça algo tão desapropriado como a Mirra. O que é a mirra? E para que raio uma criança, mesmo o filho de Deus, quererá mirra? Seria de esperar que os Reis Magos, especialmente depois de tão longa viagem atrás de uma estrela, trouxessem presentes um pouco mais elaborados. Mas não, trouxeram Mirra, uma madeira aromática usada nos funerais. A mirra serviu, já que não é de bom-tom recusar o que é dado com a melhor das intenções. E aproveitando a deixa, os anunciantes alegam agora que não se pode recusar uma marca que é feita “a pensar em si”.

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