Momento de Balanço
Será verdade que 2 em cada 3 profissionais de “marketing” não sabe bem ao que anda? Será possível? Será aceitável que gestores de marca com orçamentos milionários se orgulhem de (são citações):
- “atingir o objectivo, que era confundir o consumidor”
- “fazer uma campanha para alargar o target”
- “subir o posicionamento com a campanha”
- “posicionar a marca em diferentes segmentos”
- “associar outros valores (contraditórios) aos que já tem associados”
Não seria de esperar que algumas coisas básicas e fundamentais da profissão fossem tão evidentes que asneiras destas fossem ridicularizadas com uma gargalhada?
Já por aqui passaram diversas teorias explicativas para o problema, notavelmente a primeira explicação avançada foi a da diferença entre “contabilistas” e “financeiros” (ou entre “técnicos” e “engenheiros”) aplicada ao marketing. Veneravelmente, Hugo, o autor, defende que nas profissões costuma ser feita uma distinção entre os que sabem e os que fazem. Ou entre os que percebem e os que repetem. Diferença essa que não é aparente no marketing e que permite muito amanuense por aí ande com estatuto de executivo. Permite por exemplo que exista um curso de “Engenharia Publicitária” sem que este seja protagonista do anedotário profissional.
Outra explicação para o problema da fraca competência dos profissionais das marcas pode ser encontrado na diferença (ou falta dela) entre Comunicação Social e Comunicação Empresarial. Pela lógica uma só formação não pode gerar simultaneamente jornalistas e publicitários. Pela lógica, quem tem um código deontológico e uma missão para com a verdade (jornalista), não pode ser o mesmo que tem como objectivo manipular a percepção para a tornar mais interessante. Ainda por cima, os jornalistas costumam ser fracos a matemática e não há coisa mais perigosa do que por um orçamento de milhões nas mãos de quem não faz contas.
Estas duas explicações, são virtuosas, mas também são muito “rosseaunianas”. Colocam toda a culpa, não no homem, mas na sua deseducação. Como se por obra de um sistema educativo utópico, tudo se resolvesse. Mas na verdade, a educação é apenas mais um reflexo do problema e não a verdadeira causa. O sistema é um bom bode expiatório, mas os problemas tendem a estar com as pessoas (com os indivíduos).
Cada vez mais, parece-me que o carácter enganador e viciado da “gestão de marcas” resulta da genuína vontade dos decisores, dos proprietários das marcas (desde o CEO da multinacional aos eleitores de uma junta de freguesia) em serem enganados. A charlatanice depende da colaboração dos iludidos. Uma empresa/instituição mal gerida é como um organismo gordo. Consome demasiados recursos para produzir de menos actividade. A comparação não é nova, mas neste tempos de obesa pandemia, é mais fácil de perceber. Acontece que a generalidade dos gordos prefere ser magro, só que não está disposto a percorrer o caminho que os leva até lá. A dieta, o exercício, as restrições, a força de vontade, a sensação de injustiça, a auto-responsabilização. Perder peso é uma trabalheira. Muito pouco gratificante. Assim sendo, os obesos, estão sempre (secretamente) à espera de uma solução milagrosa, imediata e indolor para o seu problema. Os obesos, no fundo, querem acreditar numa solução imediata e por isso, periodicamente, deixam-se cair na ilusão dos xás, das massagens e de todas essas outras coisas que não implicam esforço, logo não gastam calorias, logo não resultam.
Esta alegoria pode explicar porque é que os vendedores da banha da cobra publicitária têm tanto sucesso. Anda por aí muita empresa gorda que prefere acreditar que não precisa de mudar de vida. Por exemplo: A Vodafone é considerada uma empresa de sucesso, mas conseguiu perder 20 pontos de quota num mercado fechado à concorrência; A PT parece um exemplo de gestão, mas extorque 700milhões de euros por ano (em assinaturas) para sustentar um bem (a rede fixa) que “comprou” ao estado por apenas 235milhões; A Galp, missionaria, internacionaliza-se, mas as espanholas vendem mais gasolina em Portugal do que vice-versa. Enfim, estas empresas, gordas, em mercados pouco concorrenciais, são a nata das nossas corporações. E como gordas que são não querem fazer dietas, nem aguentar ginásticas. Preferem antes que alguém lhes diga que são lindas assim mesmo, e que esse alguém as pinte e maquilhe, para que, por artes pouco dolorosas, passem de gordas a voluptuosas.
A obesidade na gestão é contagiosa. Repare-se na quantidade de vezes que se ouve declarações do tipo: “não há espaço no mercado para...”. Como se os mercados fossem um espaço limitado? Como se não fossem os mercados (concorrenciais) uma abstracção onde, quem for melhor tem sempre lugar, nem que para isso expulse quem já lá estava. Ora, estar preocupado com a resistência ao peso de uma cadeira, é uma preocupação típica de um obeso. E quem mede os mercados pelo número de empresas “que lá cabem” é um gestor com um pensamento obeso. Por exemplo: Durante anos disse-se que o mercado dos jornais diários estava saturado, e que DN e Público apenas persistiam porque tinham bolsos mais fundos do que as receitas justificavam. Até que, numa assentada, entram no mercado dois diários gratuitos que chegam a 2x mais pessoas do os “instalados” e, mesmo sem vender o papel, são lucrativos. Afinal havia espaço.
E pronto, demonstrado que a obesidade é um problema endémico dos gestores, falta só concluir que os obesos preferem tomar comprimidos a fazer exercício. E por isso há e haverá sempre no mercado receita para todos os “nutricionistas” que prometem emagrecimento sem esforço e nem restrições. Enquanto isso, os “personal trainers” das empresas, aqueles que investem no trabalho, na eficiência, na racionalidade, para gerir as marcas, verão a sua carreira ofuscada pela charlatonice. Com a única compensação de saber que no final, mais cedo ou mais tarde. Não se pode disfarçar o peso a mais e os mais aptos serão aqueles que, no longo prazo, vão ganhar a corrida. Ou não.
Ou talvez não. Talvez não haja moral no final desta história. Talvez a seriedade das vendas coabite com a charlatonice da notoriedade da publicidade. Talvez o futuro seja ainda mais confuso do que já é o presente. Mas uma coisa é certa. Um ano depois do lançamento do “Compre Este Porque” passou por aqui gente que leu, que gostou e que se deu ao trabalho de o dizer. Noesis, RuiPaiva, Bruno, Rayban, são algumas das e-personalidades que me obrigam a persistir. E a quem (juntamente com os outros que estão na página de agradecimentos do livro) recorro agora num momento de indecisão.
- O artigo 14.MPE foi o último da série, vitima da sua própria pequenez e da falta de interesse editorial (foi recusado por uma quantidade demasiado grande de publicações).
- Por ter esgotado a fórmula, a segunda época no Meios&Publicidade não tem mais um grande objectivo final (como tiveram os artigos que originaram o “Compre Este Porque”) e limita-se a ser o que é. Um espaço de opinião que faço por merecer.
- O atrevimento do “Sexo no Supermercado”, iniciado com uma divertida crónica para a Cosmopolitan, resultou em divórcio motivado pelas insanáveis diferenças entre os próprios sexo e supermercado.
Estou por isto tudo em momento de balanço. Em nome da “boa” gestão de marcas como prosseguir? Como fazer melhor do que já está feito no “Compre Este Porque”? O que faz falta ou pode fazer a diferença para as marcas? Aceitam-se sugestões. Agradeço ao ilustre painel que por aqui opina, que o continue a fazer.
- “atingir o objectivo, que era confundir o consumidor”
- “fazer uma campanha para alargar o target”
- “subir o posicionamento com a campanha”
- “posicionar a marca em diferentes segmentos”
- “associar outros valores (contraditórios) aos que já tem associados”
Não seria de esperar que algumas coisas básicas e fundamentais da profissão fossem tão evidentes que asneiras destas fossem ridicularizadas com uma gargalhada?
Já por aqui passaram diversas teorias explicativas para o problema, notavelmente a primeira explicação avançada foi a da diferença entre “contabilistas” e “financeiros” (ou entre “técnicos” e “engenheiros”) aplicada ao marketing. Veneravelmente, Hugo, o autor, defende que nas profissões costuma ser feita uma distinção entre os que sabem e os que fazem. Ou entre os que percebem e os que repetem. Diferença essa que não é aparente no marketing e que permite muito amanuense por aí ande com estatuto de executivo. Permite por exemplo que exista um curso de “Engenharia Publicitária” sem que este seja protagonista do anedotário profissional.
Outra explicação para o problema da fraca competência dos profissionais das marcas pode ser encontrado na diferença (ou falta dela) entre Comunicação Social e Comunicação Empresarial. Pela lógica uma só formação não pode gerar simultaneamente jornalistas e publicitários. Pela lógica, quem tem um código deontológico e uma missão para com a verdade (jornalista), não pode ser o mesmo que tem como objectivo manipular a percepção para a tornar mais interessante. Ainda por cima, os jornalistas costumam ser fracos a matemática e não há coisa mais perigosa do que por um orçamento de milhões nas mãos de quem não faz contas.
Estas duas explicações, são virtuosas, mas também são muito “rosseaunianas”. Colocam toda a culpa, não no homem, mas na sua deseducação. Como se por obra de um sistema educativo utópico, tudo se resolvesse. Mas na verdade, a educação é apenas mais um reflexo do problema e não a verdadeira causa. O sistema é um bom bode expiatório, mas os problemas tendem a estar com as pessoas (com os indivíduos).
Cada vez mais, parece-me que o carácter enganador e viciado da “gestão de marcas” resulta da genuína vontade dos decisores, dos proprietários das marcas (desde o CEO da multinacional aos eleitores de uma junta de freguesia) em serem enganados. A charlatanice depende da colaboração dos iludidos. Uma empresa/instituição mal gerida é como um organismo gordo. Consome demasiados recursos para produzir de menos actividade. A comparação não é nova, mas neste tempos de obesa pandemia, é mais fácil de perceber. Acontece que a generalidade dos gordos prefere ser magro, só que não está disposto a percorrer o caminho que os leva até lá. A dieta, o exercício, as restrições, a força de vontade, a sensação de injustiça, a auto-responsabilização. Perder peso é uma trabalheira. Muito pouco gratificante. Assim sendo, os obesos, estão sempre (secretamente) à espera de uma solução milagrosa, imediata e indolor para o seu problema. Os obesos, no fundo, querem acreditar numa solução imediata e por isso, periodicamente, deixam-se cair na ilusão dos xás, das massagens e de todas essas outras coisas que não implicam esforço, logo não gastam calorias, logo não resultam.
Esta alegoria pode explicar porque é que os vendedores da banha da cobra publicitária têm tanto sucesso. Anda por aí muita empresa gorda que prefere acreditar que não precisa de mudar de vida. Por exemplo: A Vodafone é considerada uma empresa de sucesso, mas conseguiu perder 20 pontos de quota num mercado fechado à concorrência; A PT parece um exemplo de gestão, mas extorque 700milhões de euros por ano (em assinaturas) para sustentar um bem (a rede fixa) que “comprou” ao estado por apenas 235milhões; A Galp, missionaria, internacionaliza-se, mas as espanholas vendem mais gasolina em Portugal do que vice-versa. Enfim, estas empresas, gordas, em mercados pouco concorrenciais, são a nata das nossas corporações. E como gordas que são não querem fazer dietas, nem aguentar ginásticas. Preferem antes que alguém lhes diga que são lindas assim mesmo, e que esse alguém as pinte e maquilhe, para que, por artes pouco dolorosas, passem de gordas a voluptuosas.
A obesidade na gestão é contagiosa. Repare-se na quantidade de vezes que se ouve declarações do tipo: “não há espaço no mercado para...”. Como se os mercados fossem um espaço limitado? Como se não fossem os mercados (concorrenciais) uma abstracção onde, quem for melhor tem sempre lugar, nem que para isso expulse quem já lá estava. Ora, estar preocupado com a resistência ao peso de uma cadeira, é uma preocupação típica de um obeso. E quem mede os mercados pelo número de empresas “que lá cabem” é um gestor com um pensamento obeso. Por exemplo: Durante anos disse-se que o mercado dos jornais diários estava saturado, e que DN e Público apenas persistiam porque tinham bolsos mais fundos do que as receitas justificavam. Até que, numa assentada, entram no mercado dois diários gratuitos que chegam a 2x mais pessoas do os “instalados” e, mesmo sem vender o papel, são lucrativos. Afinal havia espaço.
E pronto, demonstrado que a obesidade é um problema endémico dos gestores, falta só concluir que os obesos preferem tomar comprimidos a fazer exercício. E por isso há e haverá sempre no mercado receita para todos os “nutricionistas” que prometem emagrecimento sem esforço e nem restrições. Enquanto isso, os “personal trainers” das empresas, aqueles que investem no trabalho, na eficiência, na racionalidade, para gerir as marcas, verão a sua carreira ofuscada pela charlatonice. Com a única compensação de saber que no final, mais cedo ou mais tarde. Não se pode disfarçar o peso a mais e os mais aptos serão aqueles que, no longo prazo, vão ganhar a corrida. Ou não.
Ou talvez não. Talvez não haja moral no final desta história. Talvez a seriedade das vendas coabite com a charlatonice da notoriedade da publicidade. Talvez o futuro seja ainda mais confuso do que já é o presente. Mas uma coisa é certa. Um ano depois do lançamento do “Compre Este Porque” passou por aqui gente que leu, que gostou e que se deu ao trabalho de o dizer. Noesis, RuiPaiva, Bruno, Rayban, são algumas das e-personalidades que me obrigam a persistir. E a quem (juntamente com os outros que estão na página de agradecimentos do livro) recorro agora num momento de indecisão.
- O artigo 14.MPE foi o último da série, vitima da sua própria pequenez e da falta de interesse editorial (foi recusado por uma quantidade demasiado grande de publicações).
- Por ter esgotado a fórmula, a segunda época no Meios&Publicidade não tem mais um grande objectivo final (como tiveram os artigos que originaram o “Compre Este Porque”) e limita-se a ser o que é. Um espaço de opinião que faço por merecer.
- O atrevimento do “Sexo no Supermercado”, iniciado com uma divertida crónica para a Cosmopolitan, resultou em divórcio motivado pelas insanáveis diferenças entre os próprios sexo e supermercado.
Estou por isto tudo em momento de balanço. Em nome da “boa” gestão de marcas como prosseguir? Como fazer melhor do que já está feito no “Compre Este Porque”? O que faz falta ou pode fazer a diferença para as marcas? Aceitam-se sugestões. Agradeço ao ilustre painel que por aqui opina, que o continue a fazer.
17 Comments:
At 5:13 da tarde, Anónimo said…
Pois é...
Quantas vezes já não pensamos todos nisso..Acho que em Portugal a gestão de topo não compreende o que é o marketing, alguns ouviram falar, outros nem tanto e poucos o compreendem. Deviamos estar todos preocupados com o marketing? Nem por isso, se pensar-mos que alguns gestores de topo nem a noção de gestão e estratégia têm. E esta é uma ideia que eu tenho como humilde observador e confirmada também por quem tem acesso e lida com altos cargos com responsabilidade da nossa praça.E penso que isto tem repercusões não só no marketing mas como em todas as outras areas. Lógico que nem todos são assim e basta para isso fazer a distinção e ver empresas portuguesas com sucesso em Portugal e lá fora e ver outras que se lhes deixam sair debaixo da "saia" é uma questão de meses até seram engolidas por empresas estrangeiras.
De qualquer forma, acho que são precisos sempre aqueles " cabeças duras" que teimam em dar murros na mesa e tentar fazer as coisas como devem ser feitas, acrescentar e criar alguma coisa, e é isto que faz falta. Cria-se pouco e o pouco que se cria aparecem dezenas e dezenas de "corpos estranhos" que gastam mais tempo a tentar tirar proveito do que os outros fazem do que gastam a tentar criar algo eles próprios, talvez se ao menos tentassem...Bem, espero que este balanço sirva para que possam surgir mais e novas ideias e se forem no mínimo tão uteis como o que foi feito até aqui, acho que valem muito a pena.
abraço
At 6:14 da tarde, Anónimo said…
Bem, este artigo não será propriamente para mim, visto ainda não ter acabado de ler o livro e de ser, como já referi, um pouco "verde" nesta matéria. Mas se me permite (e visto isto ser de acesso "público" tem que permitir) a minha humilde sugestão, acho que se deveria estudar mais a fundo a realidade portuguesa e criar casos de sucesso interno que pudessem evoluir para casos de sucesso externo. Criar uma época de "descobrimento" a nível do mercado. Seja ele qual for. Temos boas oportunidades, mas está tudo (na minha opinião) acomodado aquilo que tem e acomodado aos tempos da dita "crise" que não é pra todos. Em jeito de brincadeira, deixo mais uma sugestão, a de se criar um departamento de marketing nacional. Promover este país "à baira mar plantado" com mais em vista do que apenas lucros a curto prazo.
Cumprimentos!
At 7:20 da tarde, Consumering said…
Para animar a discussão da portugalidade, sugiro dois textos anteriores meus:
- O "discurso" da Sessão na EGP:
http://consumering-archives.blogspot.com/2005_03_01_consumering-archives_archive.html#111132662673206662
- O "caso portugal" publicado no Meios&Publicidade o ano passado:
http://consumering.blogspot.com/2004/09/1-ii-reformar-portugal.html
Até logo!
At 8:30 da tarde, Anónimo said…
Acho que o que falta aos produtores Portugueses é não compreenderem a marca Portugal, não perceberem como lá fora nos vêm, a Herança da marca. Só assim se explica que poucos consumidores Ingleses e Norte Americanos saibam que o Vinho do Porto é um produto português e que mesmo assim por cá se continue a pensar que todos pensam que o nosso vinho( português) é superior. Estou a falar do vinho porque me lembrei de um esforço de Marketing que foi feito junto dos consumidores dos EUA no seguimento de um estudo sobre o sector muito famoso, feito por Michael Porter.Chegou-se á conclusão que era necessário fazer uma campanha de comunicação para um mercado prioritário para os nossos vinhos ( EUA). O que se fez? Com o "enorme" budget de 1 milhão de contos (moeda actual)fez-se uma campanha a nível nacional nos EUA. Ora penso que não é necessário procurar numeros indicadores dos EUA para se perceber que 1 milhão de contos em publicidade numa campanha a nivel nacional para os EUA é a mesma coisa que atirar amendoins a uma parede á espera que ela caia. Digo eu...
At 8:43 da manhã, Consumering said…
Nem mais. Essa história é tão patetica que o dinheiro da "vini Portugal" acabou a ser gasto em outdoors em Portugal. Triste, porque a campanha (da TBWA) falava de um "segredo" que era o vinho português. Relevante para um gringo, mas, um pouco ao lado para um português, suspeito que Portugal seja o único sítio do mundo onde o vinho seja conhecido, aliás, foi esse o ponto de partida do trabalho.
Enfim. No congresso "brandworks05" falou-se (falei) um pouco disso. Se soubesse como colocaria o ppt online. E como era um congresso de marketing a maioria dos participantes era fraco. Só que, mesmo o mais fraco dos participantes foi subitamente legitimado pela entrada em cena do Secratário de Estado do Comercio Externo (o nosso director de marketing) que fez uma figurinha infeliz, justificando, com chavões e sem lógica que a sua "estratégia" era "fazer como espanha" e se espanha tem o "Espanha marca" (a herança deles é sangue e paixão) então portugal iria lançar a campanha "Portugal marca" porque, bla bla, das diferentes prespectivas e complexidades que sempre ficam bem mas não acrescentam nada (o Rayban, se por aí anda, viu).
Ora, o governo de Portugal está entregue aos mais incompetentes de entre nós. E como o marketing é um terreno de baixa qualificação (como aqui discutido). O marketing de Portugal está simplesmente entregue aos bichos.
Mas e agora pergunto: É este tema assim tão interessante? Há paciencia para ler este tema mais do que se encontra aqui?:
http://consumering.blogspot.com/2004/09/1-ii-reformar-portugal.html
?
At 9:57 da manhã, Anónimo said…
Eu acho que o tema não só é interessante como é preocupante. Vou ler os textos de seguida, mas deixo um caso que até foi noticiado de como um empresário têxtil se tornou fornecedor da playboy. Não foram necessárias campanhas publicitárias, outdoors nem investimentos astronómicos. Simplesmente foi necessário o gestor ter-se deslocado aos Estados Unidos e ter oferecido o seu produto que tinha um nível de qualidade elevado, com um custo abaixo ao custo do mercado. E surpresa das surpresas, não foi necessário abrir uma fábrica num país africano ou de leste. A fábrica situa-se no nosso "pequeno" país...
São esforços destes que são de louvar. É preciso arriscar e levar a "marca" Portugal mais longe!
At 10:15 da manhã, Anónimo said…
Henrique,
Há ainda espaço para esses "marketeers" pelos problemas que já falamos e a falta de cultura de marketing nas empresas.É que se formos ao médico e ele nos auscultar os rins em vez do peito, ou trocar o figado pelo coração, todos nós nos ri-mos. Agora isto está sempre a acontecer no marketing e pior, diz-se coisas destas na maior descontração e por vezes ainda se consegue marcar pontos, em vez de acontecer o mesmo que no exemplo do médico.
At 10:17 da manhã, Anónimo said…
Acabei agora de ler os textos sugeridos... E a minha pergunta é simples:
Se o problema está identificado, porque é que ninguém avança com soluções?
At 12:26 da tarde, Anónimo said…
O problema está identificado, mas não por todos, aliás nem sequer pela maioria, pior ainda não passará de uma mão cheia aqueles que sabem como gerir a marca "Portugal". Primeiro por que a maioria dos profissionais da coisa não sabe gerir coisa nenhuma. Depois porque nem mesmo os incompetentes são chamados para esses lugares (do ICEP e do Portugal Marca), são os politicos de pacotilha. Finalmente porque quem decide, os "stakeholders" os "accionistas" (o poder central e local e regionais e outros que tais) não querem escolhas, não querem decisões, não querem emagrecer, querem ser convencidos que com uma pequena maquilhagem se faz o trabalho de sedução.
Enfim, "Portugal" é paradigmático!
At 12:28 da tarde, Anónimo said…
Então e os "iluminados" não se conseguem fazer ouvir?
At 11:17 da tarde, Anónimo said…
Sugestão: embora seja um admirador confesso do blog, acho que a fórmula tem-se vindo a esgotar (mas muito lentamente), com notória passagem dos textos para um campo + teórico. Penso que o que torna giro falar do mkt é a aplicação a casos prácticos. No fundo a aplicação da receita que tem vindo a ser dada (no blog e no "compre este porque") a marcas que se lançam cá dentro ou lá fora, o que fazem de bem e de mal. Estes case studies (um = 1 post), podiam ir mais ao fundo das questões, muito ao género do blog da laura Ries. Seria uma fonte inesgotável de conteúdo e inovador em relação a qualquer blog que conheço do tipo em português.
Abraços
At 8:45 da manhã, Consumering said…
Heitor, Apenas para levantar uma restrição. Infelizmente eu não sou filho de nenhum gurubilionário (como a laurita) e por isso não me posso dar ao luxo de explicar com demasiados detalhe porque é que certos artistas cá da praça pensam as suas marcas com o indestino grosso. Ou melhor, para o fazer, para denunciar incompetência tem de ser numa base de: demonstração teorica + exemplo abstrato, para que deois, o senhor em questão enfie o barrete se quiser.
Isto porque, infelizmente, o mercado português é muito pequeno e o meu banco tem simultaneamente um director de marketing com o QI de um peixinho dourado e uma enorme hipoteca em meu nome.
Posto isto, o feeback que deste (a parte da teoria crescente) está muito bem apontado (é verdade) e por favor continuem porque (tb é verdade) destes posts está me a surgir um embrião de uma ideia. Obrigado
At 9:47 da manhã, Anónimo said…
Cá aguardamos pela ideia (pelo menos eu aguardo)... Será que se importa de me dizer onde posso arranjar os livros "Positioning" e "Marketing Warfare" de que me falou? E mais info acerca deles (autores, editoras). Obrigado!
At 10:51 da manhã, Consumering said…
(vou trabalhar nisso)
Os livros do Ries&Trout podem (em teoria) ser econtrados na FNAC, mas o mais certo é que não haja e/ou demore meses até encomendarem. A melhor maneira de os arranjar é na www.amazon.co.uk (o site inglês é preferivel porque não tem problemas de alfandega).
At 5:32 da tarde, Anónimo said…
Viva, sim de facto os prémios da eficácia foram uma desilusão completa. salvem-se, ou neste caso bebam-se os bons exemplos como o do Licor beirão que mantém uma sadia tradição de apostar bem em publicidade.
Quanto ao restante, gostei bastante do formato MPE's, bastane directo e prático QB. Pena que sejam poucos aqueles que acreditem numa via diferente para o Marketing e prefiram continuar a engalanar os seus corpos balofos com túnicas tanto vistosas como ridiculas.
Da minha parte só me resta uma vez mais agradecer-te por me teres mostrado a "outra via" mais interessante deste intrincado mundo que é o Marketing.
Cheers
At 5:56 da tarde, Consumering said…
Oh! my pleasure!
At 7:21 da manhã, Anónimo said…
Cool blog, interesting information... Keep it UP » » »
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