Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

28/08/2008

bombas da (r)evolução #4

Nenhum meio vai superar a televisão na capacidade de reter audiências dóceis e receptivas.

26/08/2008

“São vários”

Uma pergunta: o que terá acontecido àquele misto de conselho e interjeição que os mais velhos costumavam dar a quem lhes impedia a vida? “Ó filho, decide-te”! Não terão sido poucas as vezes em que as crianças, que tem toda a vida pela frente e pouco sentido de urgência, terão ouvido semelhante reclamação de alguém mais velho e justamente mais sábio.

A sabedoria é para aqui chamada porque a ignorância resulta em indecisão e esta é paralisante, atrofiadora e mesmo irritante para quem quer andar com a sua vida para a frente. Só que as crianças de ontem são os adultos de hoje e muitos pareceram não ter melhorado com a idade, e persistirem em versões disfarçadas dos seus defeitos de sempre. No caso, o sound-bite “são vários” que discreta e subtilmente condena as empresas à inoperância.

São vários os problemas que a dispersão impõe aos negócios: desatenção, mediocridade, ineficácia, ineficiência, desperdício, etc. Mas todos são um, o desfoque. Ou seja a incapacidade para se concentrar a fazer uma coisa bem feita para se espalhar por uma quantidade de asneiras mal feitas.

Foi em vários mercados que a Mercedes matou a Smart e se ia matando na Chrysler. Tal como foi por ter vários benefícios que a Nokia deixou de ser a marca mais valiosa do mundo. Também é por ter vários objectivos que o estado não governa. E são vários os casos equivalentes.

A mente humana é limitada e preguiçosa. Por um lado é limitada porque não tem capacidade para processar ideias confusas. Por outro preguiçosa porque prefere arrumar tudo num simples número. No 1. O número que interessa conhecer, a razão que é preciso ter, o motivo para comprar. São vários não é uma equipa, complementar complementar entre si. Senão seria uma equipa, uma só. Várias equipas não ganham campeonatos, descem de divisão. Tal como os lucros das empresas que apostam em vários benefícios para os seus produtos.

11/08/2008

“Notoriedade”

Há muito tempo atrás, logo depois do tempo em que os animais falavam, mas ainda na altura em que o mundo era quadrado, houve um anónimo senhor que descobriu que a razão porque as pessoas não lhe compravam os seus produtos era porque não sabiam que ele os tinha para vender. Ora, como a necessidade aguça a o engenho, foi mais ou menos nessa altura que se inventaram tanto a propaganda quando o seu objectivo, a notoriedade.

Para o tempo que era, foi dito e feito. Quem queria vender explicava aos demais qual era a sua intenção e quem quisesse comprar iria à procura onde sabia que ia encontrar. Isto se chamava de notoriedade e tinha alguma utilidade nesses tempos em que o mais longe que se ia, era para casar com uma prima.

Desde então, a linha do horizonte alargou-se e fruto de umas novidades como o automóvel ou a telefonia, a “notoriedade” tornou-se tão útil quanto as cruzadas. Sendo apenas aplicada no contexto do soundbite, ou seja, no contexto em que vai prejudicar o negócio. O que faz em duas ocasiões.

A roer por um lado está a notoriedade da empresa, uma inutilidade que leva empresa sobejamente conhecidas a digladiar-se por uns pontos extra de uma coisa que não tem ideia para que serve. Por exemplo, os operadores de telemóveis têm entre si diferenças de notoriedade na ordem dos 2 ou 3%, enquanto as quotas de mercado diferem 20 ou 30%. Quer dizer que para a decisão de comprar um ou outro o conhecimento é completamente irrelevante, pois quase toda a gente conhece os operadores mas prefere comprar só a um.

Ainda mais estúpida por outro, é a notoriedade da publicidade, que é como quem diz, levar os consumidores, quais cãezitos amestrados, a reconhecer um anúncio. Também neste caso, não há nenhuma relação entre o reconhecimento de um anúncio e a preferência de uma marca. Portanto, seja do que for, a notoriedade é inútil e persegui-la resultará apenas em redução dos lucros.

Se mais argumentos fossem necessários: veja-se quanta notoriedade tem o Bibi da Casa Pia e pergunte-se quem é que o levaria para casa?

09/08/2008

Cartas de amor e demais correspondência

Email enviado a propósito de um lugar comum:

Caríssimo,
Infelizmente o seu blog não permite comentários, o que me leva a tentar ajudar por email.

Primeira ajuda: Eu sou eu, o meu blog não tem foto própria no cabeçalho, mas terei outras qualildades.
Segunda ajuda: Sei que há quem ache que as campanhas de promoção não servem para vender. No entanto, quem acha assim ou está enganado ou anda a enganar.
Deve saber disso, pois é uma fatalidade da economia: quem não vende, não factura, se não factura, não tem dinheiro para pagar por comunicação e outros luxos. A não ser, claro, que se seja do tipo de gente que vive à conta e portanto se pode rebolar alegremente num dia de trabalho.

Espero ter ajudado, se precisar de mais ajuda, como por exemplo para lhe explicar porque é que uma campanha da AICEP em conjunção com o ITP que conste de lonas gigantes na Av. da República tem muita dificuldade em impressionar estrangeiros, recomendo a leitura de uns materiais sobre o assunto. Eu gosto particularmente do livro “Vende-se Portugal”, parece-me que ainda não o leu.

Atenciosamente
Henrique, um tipo que acha que organizar festas no Algarve não é a melhor forma de utilizar o dinheiro que pago de impostos



O lugar comum em questão:

Ajudam-me, por favor?
Algum dos meus leitores consegue dizer-me quem é um tal “Henrique Agostinho especialista em gestão de marcas” que aparece na Meios a mostrar que julga, inocentemente, que o marketing turístico assenta em campanhas de publicidade, que o AICEP (que, por sinal, não tem competências no Turismo) devia apoiar a promoção de operadores turísticos privados no exterior (o que por sinal o Turismo de Portugal faz muito bem), e a dizer que não faz sentido “levar os portugueses a passarem férias no Algarve” e coisas extraordinariamente novas como qualquer campanha de promoção “que não tenha objectivos de comercialização está condenada ao fracasso”?

Eu sei que num período normal de trabalho, quando lemos uma coisa assim, rebolamo-nos a rir e deitamos o jornal fora, mas peço a vossa compreensão porque estamos em Agosto, é sábado de manhã, estive uns dias fora, fiquei em Lisboa, enfim…