Consumering

Se o marketing adapta um negocio ao mercado o que que fazem as empresas que se adaptam ao consumidor? Fazem Consumering. Um blog de artigos sobre como transformar uma empresa comercial num negocio de produtos preferidos pelos consumidores. www.consumering.pt

29/08/2007

M.Port.27) "A solução só interessa a quem já tem o problema"

(Marca Portugal - Capítulo 27e32)

Quase todas as vezes que os destinos da Marca Portugal sofreram um abanão, o novo paradigma foi apresentado como se tratando de um reposicionamento. Para tal, o procedimento tem sido: Pegar numa inócua campanha (“Go Deeper”, “Think West”, “Estádio da Europa”, o que seja); e apresentá-la como sendo a nova posição, o novo lugar, que a Marca Portugal irá ocupar na cabeça dos consumidores. Com a alegoria geográfica, os promotores das campanhas sugerem que por via de apenas mais uma campanha, a ideia que antes os consumidores tinham de Portugal (o sítio onde eles o guardavam na cabeça) será fortemente alterada. Resultando, como que por obra de uma transportadora da mente, que o mesmo Portugal passará a ser guardado noutro lugar.

(saber mais em "vende-se Portugal")

23/08/2007

Sócrates teria aprovado?

A avaliar pela falta de direcção do investimento do ICEP, dir-se-ia que o governo está em completo desatino contra a aposta no turismo residencial sénior. No entanto, olhando para a facilidade com que este considera PIN alguns extensos projectos imobiliários, tirar-se-á a conclusão oposta, afinal o Governo sabe que não temos mais alternativa do que exportar a nossa qualidade de vida, o Conforto.

Em que ficamos então? É Pró ou Contra? Aposto que é pró, mas o Governo não quer que ninguém saiba.

Esta aparentemente inconsistência, em que o governo toma umas decisões e depois procura ocultá-las, é facilmente compreensível para quem já teve de empurrar uma decisão numa organização. Nesses casos, há sempre uns preteridos e portanto há sempre insatisfeitos. O que implica três caminhos possíveis:
- Ignorar essa gentinha, algo que se pode fazer nas empresas, mas é bastante difícil de fazer no governo.
- Enganar as criaturas, fazendo que se faz para um lado enquanto se faz para o outro. A solução preferida de muito boa gente, mas que infelizmente obriga a horrores de desperdício.
- Não dizer nada a ninguém. Que por incrível que pareça, é a melhor solução para este caso e quase sempre melhor do que a via do engano.

Afinal de contas, o público-alvo do esforço de promoção da AICEP são os estrangeiros, assim sendo, é escusado andar a enganar os pobres tugas, basta que todo o esforço de promoção seja aplicado no estrangeiro, onde ainda por cima estão os clientes, que por cá ninguém se assustaria com o feito de haver uma promoção que não é oca e bacoca e até faz escolhas verdadeiras.

Infelizmente, nem só no Estado, a maior praga do marketing é mesmo haver quem prefira fazer de conta que está a fazer alguma coisa, a fazer qualquer coisa mesmo. Ou seja, sem trocadilho, o mal do marketing é que há demasiados decisores que não querem o que é melhor para os seus negócios e preferem antes dispor de um álibi que defenda a sua posição.

14/08/2007

M.Port.26) "O papel da publicidade vem num papel de verdade"

(Marca Portugal – Capítulo 26de32)


Na promoção da Marca Portugal, um dos mais quentes e estéreis debates que há memória, esteve apontado a uma das antigas campanhas do antigo ICEP: A campanha do “take a break from the rest of the world” que esteve vagamente no ar no início deste século. À data, o enquadramento da ideia até parecia favorável. Estávamos em 2002, o mundo contorcia-se com a ressaca dos atentados de 9/11 e a guerra global ao terrorismo nem acabara de começar. Em consequência, a procura dos países muçulmanos como destino de férias caía a pique e o mundo ocidental via-se de repente cheio de veraneantes sem um destino seguro para onde ir.
Com um bom timing, o ICEP decidiu apelar aos amedrontados e, capitalizando nos proverbiais brandos costumes lusitanos, tratou de convidar os turistas europeus a escolher este cantinho à beira mar plantado para o fim de umas relaxantes férias. Como até aqui se vê, esta ideia até tinha algumas pernas para andar, mas a longevidade dessa aposta foi sabotada por meios menos comuns do que a recorrente falta de investimento. Neste caso, a sabotagem da campanha ficou-se no plano das ideias e esta sucumbiu foi à contra-argumentação demagógica.

(saber mais em "vende-se Portugal")

08/08/2007

M.Port.25) "Quem faz o que sabe a mais não é obrigado"

(Marca Portugal - Capítulo 25de32)

A milionária e prestigiante conta de publicidade da Marca Portugal é um trofeu ardentemente disputado entre as agências criativas (ou de publicidade). Não admira portanto que a atribuição do trabalho criativo na Marca Portugal seja provocadora de polémicas, bem à antiga portuguesa, daquelas em que muito acontece, para ficar tudo na mesma. Tal foi o caso da polémica que, entre 2002 e 2006, deixou o mercado da publicidade excitado só de assistir a metade da história.
A tragi-comédia iniciou-se em finais de 2002, quando o ICEP anunciou “a criação da Marca Portugal” para pôr fim ao desastre que ainda é a dita. À data, o inovador método apresentado consistia na reunião de um comité de peritos em várias coisas (que não as marcas) e na contratação de uma agência de publicidade para “concretizar um plano estratégico”.

(saber mais em "vende-se Portugal")

02/08/2007

O Este é o novo Oeste

Numa reflexão estival, a propósito da inevitabilidade do centro do desenvolvimento mundial ter chegado à China, ocorreu que esse foco tem vindo, há séculos, a deslizar no sentido do Ocidente e como o mundo é redondo, chegou agora ao Oriente.

Neste século, “think west” é já uma forma de saudosismo.


Uma cronologia aproximada
- Apogeu Árabe (séc. 9 a 11)
- Cidades Estado Italianas (12 a 16)
- Flandres e Inglaterra (17)
- Império Britânico (18 e 19)
- América - costa Leste (1ª metade 20)
- EUA - costa Oeste (2ª metade 20)
- China- 21
- Índia? – 22
(o Japão nos anos 80 e Portugal no séc16 foram pequenos fenómenos antes de tempo)

01/08/2007

M.Port.24) “Diz o que faz, vende o que é”

(Marca Portugal – Capítulo 24de32)

Portugal é, para os estrangeiros, bastante mais do que um país desconhecido, Portugal é o que se pode chamar: um país ignorado. Isto porque, além de ao estrangeiro não lhe ocorrer pensar em Portugal para fim nenhum, a verdade é que mesmo quando provocados a elaborar sobre Portugal, muitos deles não são capazes de pensar em grande coisa, caindo com facilidade na quase ofensa de nos colocar na órbita dos vizinhos espanhóis.
Ainda que Portugal não esteja só no seu exílio da fama e haja países que mesmo passando despercebidos não deixam de ser felizes (como por exemplo a Nova Zelândia ou a Eslovénia). Esta chatice de não constar nas listas mentais de países feitas pelos estrangeiros pode ser aborrecida, especialmente para quem, como Portugal, tem no turismo uma vital fonte de receita. Afinal, se aos estrangeiros nem se lhes ocorre onde fica Portugal, a probabilidade de virem cá parar de férias parece ficar seriamente reduzida. Noutros negócios, a nacional discrição dos Portugueses poderia ser até vantajosa, isto por exemplo se estivermos a falar da indústria da fuga fiscal e da lavagem de dinheiro, que são tão caras aos habitantes do Liechtenstein. Mas se a ideia é impulsionar o turismo, especialmente o turismo residencial sénior, por ser a única ou uma das muito poucas coisas, que podem vir a salvar a economia portuguesa, então, toda a gente estará de acordo que a Portugal convém, senão aparecer, pelo menos parecer que é alguém.

((saber mais em "vende-se Portugal")